Quatro anos e três meses após o assassinato de dois empresários em um apartamento no bairro Sion, região Centro-Sul de Belo Horizonte, o julgamento de envolvidos no crime que chocou a cidade há quatro anos tem mais um capítulo. Nesta segunda-feira (14) vão a júri popular o garçom Adrian Gabriel Grigorcea e o ex-policial militar André Bartolomeu, acusados de participação nos homicídios.

Até o momento, três acusados do grupo, que ficou conhecido como bando da degola, já foram condenados. Outras três pessoas serão julgadas até o fim do ano.
Adrian e André estão presos desde o início das investigações do crime, em abril de 2010. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o garçom foi o responsável por atrair o genro, Rayder Rodrigues, de 39 anos, ao apartamento de Frederico Costa Flores Carvalho.
O dono do imóvel e mais dois policiais militares, entre eles André Bartolomeu, amarram e torturam Rayder para conseguir informações sobre contas bancárias das lojas dele.
O sócio de Rayder, Fabiano Ferreira Moura, de 36 anos, também foi levado ao apartamento. Ambos foram assinados no local. As vítimas ainda tiveram os dedos e cabeças cortados, para dificultar a identificação. Os corpos foram jogados em uma estrada em Nova Lima, na Região Metropolitana.
No dia seguinte, de acordo com o MP, os réus se reuniram para limpar a cena do crime e realizar um churrasco no apartamento. Para o promotor Francisco Santiago, que atuou na condenação de três dos oito envolvidos, há provas suficientes para garantir uma pena de mais de 40 anos de prisão.
Condenação
“Além de todos os elementos coletados durante a investigação, ainda temos a confissão do A[/LEAD]drian mostrando a participação de cada um e a dinâmica do crime. Não há como fugir de uma condenação, por isso estou tranquilo com relação ao trabalho”, afirmou Santiago.
Ao todo, 11 testemunhas foram arroladas para o julgamento. As convocadas pelo MP devem ser dispensadas para agilizar o trabalho. “Nosso objetivo é encerrar essa página que marcou a história. Isso deve ter um fim com o júri dos outros acusados, no fim do ano”, avalia o promotor.
Outras datas
O pastor Sidney Eduardo Benjamin e o advogado Luiz Astolfo vão a julgamento em 29 de setembro. Já a médica Gabriela Corrêa Ferreira da Costa vai a júri popular em 30 de outubro. Os três respondem pelo crime em liberdade.
O mentor dos crimes, o estudante Frederico Flores, foi condenado a 39 anos de prisão por homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, extorsão, destruição e ocultação de cadáveres e formação de quadrilha. Ao aplicar a pena, o juiz considerou a semi-imputabilidade atestada pelo laudo pericial e acolhida pelos jurados, e a confissão espontânea do acusado.
O ex-policial militar Renato Mozer e o estudante Arlindo Soares Lobo também já foram condenados a penas de 59 e 44 anos de prisão, respectivamente.