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Alberto Sena
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Coluna – Grão Mogol possui mais histórias que pedras

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Em Grão Mogol, se o morro do Pagão chamado também por nós de Catedral, se o morro do Pagão falasse, os quase seis mil habitantes do perímetro urbano ficariam surdos de tanto ouvir história escorrer despenhadeiro abaixo, capaz de inundar a cidade.

Coluna - Grão Mogol possui mais histórias que pedras
Coluna – Grão Mogol possui mais histórias que pedras

Aliás, Grão Mogol possui fartura de história mais do que de pedras. E veja pedra, aqui, é mato, deixaria o poeta Carlos Drummond de Andrade tropeçando nelas a cada passada.

Muitas das pedras falam. Desconfiam-se de que algumas gritam. Há quem diga possuir o dom de ouvi-las. Nem toda gente possui sensibilidade para entender o dizer das pedras de Grão Mogol.

A cada conversa com certas pessoas nativas, os chamados “tipos humanos”, a gente vai enriquecendo e aprendendo mais. Talvez o fato de ser cidade pequena e as pessoas se conhecerem e se reconhecerem no dia a dia, talvez por isso Grão Mogol possua um elenco significativo de “tipos humanos”, a exemplo de “Zé do Biscoito”, José Batista batizado, personagem de uma simplicidade de fazer gosto; e dona Lucinda, que à beira da miséria, viu saltar-lhe sobre o vestido, na margem do rio, um diamante; e a vida dela mudou.

Quem sabe muito sobre as histórias desta “Cidade Diamante” é o historiador e pesquisador Geraldo Frois, discípulo da educadora Helena Wladimirna Antipoff psicóloga e pedagoga de origem russa que depois de obter formação universitária na Rússia, Paris e Genebra, se fixou no Brasil a partir de 1929, a convite do governo do Estado de Minas Gerais. Renomada pesquisadora e educadora da criança portadora de deficiência.

Frois, como é costume chamá-lo, contou outro dia a história de um delegado de polícia chamado Felicíssimo Damaceno, conhecido pelas gerações mais antigas como “Sinhô Colares”. A história, como o leitor haverá de constatar, possui elementos grotescos até, mas contêm ingredientes hilários e demonstração de exercício extremo de poder de um delegado de polícia alcunhado “calças curtas”.

Com o jeito característico de narrar fatos, palavras pensadas, medidas e gestos coordenados, Fróis contou que, numa ocasião, o delegado prendeu “Zé Cinzento”, um tipo pistoleiro, por ter armado tocaia duas vezes para matar o pai dele, Lauro José Frões, a mando de um rico fazendeiro da região, cujo nome omitiu para não ferir melindres.

Foi na roça onde tudo aconteceu. “Por ali”, gesticulou apontando uma direção aleatoriamente. O delegado foi lá, deu voz de prisão e usou uma corda para amarrar “Zé Cinzento” com as mãos atrás do corpo, pois naquele tempo não havia algemas por essas plagas. E veio conduzindo o preso igual nas fitas de cinema do velho oeste norte-americano. O delegado atrás e o preso a frente.

É de se supor, o delegado não se atrevera soltar as mãos do “Zé Cinzento” pra coisíssima nenhuma. Deve ter dado a ele água na boca durante o percurso marcado pelo silêncio e a expectativa de logo se ver livre da empreitada. A cadeia de Grão Mogol, a mesma até hoje, aguardava o prisioneiro, pois o delegado havia avisado que iria prender o tal.

A certa altura do caminho, “Zé Cinzento” deu de querer urinar. E falou com o delegado “estou apertado, vou acabar urinando nas calças”. Claro que o delegado, macaco velho, viu naquela vontade do preso de urinar um pretexto para se livrar das cordas e tentar fugir. Era ele e o delegado, só os dois, e o preso podia se apossar duma pedra “e arrebentar a minha cabeça para escapar”, pensara o delegado.

O “calças-curtas” por alguns instantes se quedou e duma vez por todas acabou com a esperança do “Zé Cinzento” de tentar escapar usando do artifício de urinar, conforme conjecturara. “Se ele está pensando que vou desabotoar-lhe a braguilha, vai ter de tirar o cavalinho da chuva”, disse pra si mesmo o delegado.

Num gesto rápido, sacou da cintura a faca tipo peixeira e de um só golpe, de quem tinha bastante experiência no manuseio de arma branca, cortou todos os botões da braguilha do “Zé Cinzento”.

Com a delicadeza necessária para não causar-lhe ferimento, retirou-lhe o instrumento com a ponta da faca.

Logo o delegado pôde comprovar a veracidade da necessidade do preso de urinar.

Estupefato diante do gesto do delegado “Zé Cinzento” urinava e fazia algo mais. Nas calças.

Por Alberto Sena

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