O dentista que há 25 anos atendia o ex-governador Eduardo Campos e sua família voltou de São Paulo sem conseguir ajudar na identificação dos corpos das sete vítimas do acidente aéreo da última quarta-feira (13).
Fernando Cavalcanti passou apenas um dia em Santos (SP) porque não era possível identificar os corpos pelas arcadas dentárias. Segundo o dentista, os corpos estavam pulverizados.
“Foi impossível identificar porque não tem arcada. Só o exame de DNA vai efetivamente fazer a comprovação de quem é quem pelo estrago em que estavam os restos mortais”, afirmou o dentista antes de entrar na casa do ex-governador para cumprimentar a viúva, Renata Campos.
O estrago foi muito grande, disse Cavalcanti. “A explosão foi muito grande. Você não consegue determinar qual é Eduardo, qual é o piloto, qual é o fotógrafo”, afirmou. Segundo ele, restos dos se espalharam por 15 casas.
ACIDENTE
O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu na quarta em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.
Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite de quarta-feira na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.
Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.
O PSB tem dez dias para anunciar eventual substituição do candidato. Adversários na disputa, PT e PSDB já se preparam para enfrentar Marina Silva, a vice de Campos. Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente “tirou a vida de um jovem político promissor”. Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB) disse ter perdido um amigo.
Marina declarou que guardará dele a imagem de “alegria” e “sonhos”. Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. “Não estava no script”, disse Renata.