Saúde – Três em cada dez casos de câncer podem ser evitados
Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) aponta que 600 mil casos da doença devem surgir no país em 2018. Segundo o Inca, em cada dez casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam. Hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e exposição excessiva ao sol aumentam as chances de incidência da doença.
De acordo com a oitava edição do documento “Incidência de câncer no Brasil”, um dos maiores desafios é a desinformação – ou seja, a falta de diálogo entre o médico e o paciente, que muitas vezes considera que seu caso é irremediável. Na verdade, um em cada três casos de câncer pode ser prevenido, principalmente entre os de alta prevalência.
“O tipo de câncer mais comum no nosso país continua sendo, claro que esperado num país tropical, o câncer de pele, do tipo não melanoma. Dos demais cânceres, mama na mulher e próstata no homem vêm se destacando bastante”, afirmou Ana Cristina Pinho, diretora geral do Inca. “Além disso, outros tipos de câncer com alta incidência, como o câncer de pulmão e o câncer de intestino, também estão muito ligados a hábitos alimentares, ao tabagismo, ao uso abusivo de álcool”, disse.
“Os cânceres de próstata e mama estão associados à longevidade, a fatores reprodutivos e hormonais, à inatividade física, à obesidade e ao uso de álcool. Há também uma minoria de casos relacionados à história de câncer na família”, aponta a médica epidemiologista Liz Almeida, chefe da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca.
“Sobre o câncer de pulmão, cujo principal fator é a exposição à fumaça do tabaco, conseguimos avançar com a forte redução na prevalência de fumantes, resultado do programa brasileiro de controle do tabagismo. Mas pulmão continua a figurar entre os cânceres mais incidentes e temos que intensificar a prevenção ao tabagismo, sobretudo entre os jovens. O tabaco continua liderando o ranking de fatores de risco, está associado a 16 tipos de câncer e responde por um quinto de todas as mortes por câncer no mundo”, complementa Liz Almeida.
A incidência do câncer de intestino está relacionada ao aumento no índice de peso corporal inadequado. “O câncer de intestino já é o segundo entre as mulheres, perdendo apenas para o de mama, e o terceiro entre os homens, ficando atrás dos de próstata e de pulmão”, ressalta Liz Almeida.
Quase 60% não usam preservativo
Pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) mostra que 59% dos brasileiros não usam preservativos como medida de prevenção ao câncer. A relação entre o sexo desprotegido e câncer é desconhecida: entre 1.500 entrevistados, quase 30% não imaginam que eles reduzem o risco.
“Nos casos de câncer de colo do útero e pênis, por exemplo, o mero contato com a mucosa e pele da região genital e perineal pode infectar o (a) parceiro (a). Assim, o uso do preservativo, desde o início da relação sexual é essencial”, afirma Andreia Melo, diretora da Sboc.