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Golpes na internet e por telefone crescem nestes tempos de ‘fique em casa’

Golpes na internet e por telefone crescem nestes tempos de ‘fique em casa’

Não bastassem o medo e as incertezas trazidos pela pandemia de Covid-19, a população ainda tem que lidar com criminosos cada vez mais ousados. Só em março e abril, quando Belo Horizonte adotou a quarentena e os moradores passaram a usar mais a internet até mesmo para fazer compras, 436 pessoas registraram ocorrências de estelionato virtual na cidade – um aumento de 32% se comparado ao mesmo período do ano passado.

Golpes na internet e por telefone crescem nestes tempos de ‘fique em casa’
Golpes na internet e por telefone crescem nestes tempos de ‘fique em casa’

Os golpes, no entanto, não se restringem ao ambiente cibernético e atingem até pacientes que, diagnosticados com a doença causada pelo novo coronavírus, lutam pela vida em um leito de hospital. Foi o que ocorreu com uma mulher, de 57 anos, que ficou internada de 21 de abril a 22 de maio.

O filho dela, Pedro Júnior da Silva, de 29, conta ter recebido ligações de um homem, que afirmava trabalhar no hospital, falando que o plano de saúde da paciente não cobriria gastos com alguns procedimentos. “Ele informou que minha mãe estava correndo sérios riscos, com problemas sanguíneos. Disse que ela poderia ter uma leucemia se não fizesse uns exames rapidamente. Ele sabia de todo o histórico dela. Nem desconfiei que estava caindo em um golpe. Estava desesperado”, relembra.

Para que a paciente fosse atendida, o criminoso disse que o filho deveria fazer depósitos bancários que, no fim, somaram R$ 7 mil. O dinheiro teria sido recebido em contas de agências do Mato Grosso e de Curitiba, informou o delegado Wesley Geraldo Campos. Cartas precatórias foram expedidas para esses estados a fim de a polícia colher depoimentos dos proprietários das contas.

Estratégias

Geralmente, a apresentação de uma oportunidade imperdível, como o preço de uma televisão bem abaixo do que é praticado, é uma das iscas lançadas por estelionatários virtuais que buscam obter dados pessoais para serem usados em fraudes. Mensagens no celular e e-mails com links suspeitos também são artimanhas usadas.

Com a pandemia, porém, os bandidos têm aproveitado a vulnerabilidade das pessoas para praticar crimes, alertam especialistas. “Notícia ruim não chega pela internet. Existe quem quer ter vantagem em tudo. A internet é uma comodidade, mas também facilitou para o criminoso”, destaca o ex-delegado federal José Roberto Lima, professor do curso de Direito das Faculdades Kennedy.

O delegado Wesley Geraldo orienta aos cidadãos que, ao receberem ligações pedindo dinheiro, faça contato antes com o hospital ou estabelecimento com o qual ele esteja mantendo contrato, para verificar a veracidade das informações. “E nunca efetue depósitos em agências de outros estados”, diz.

Além disso
Fraudes no auxílio financeiro da Caixa Econômica Federal e nas lives musicais e links falsos sobre distribuição gratuita de álcool gel são algumas ações criminosas registradas durante a pandemia de Covid-19.

No caso das apresentações dos cantores, principalmente os sertanejos, o alvo era a doação que os internautas estavam fazendo, por meio do QR Code, para ajudar pessoas afetadas pelo atual cenário. Porém, quem acessava as lives por outros links que não os perfis oficiais acabou “contribuindo” para os bandidos, que criaram canais de transmissão e códigos falsos para roubar as doações.

No caso do auxílio da Caixa, até mesmo o filho do jornalista William Bonner foi alvo dos estelionatários, que usaram dados pessoais do jovem para solicitar o benefício. A conta chegou a ser aprovada e o dinheiro seria repassado a uma conta digital criada para esse fim.

E-mails e links no WhatsApp sobre a distribuição de álcool em gel também ganharam as redes sociais justamente no período em que o produto estava em falta no mercado. Nomes de grandes empresas, inclusive, foram usados para dar mais credibilidade à informação.

“Os bandidos estão sempre um passo à frente, e as empresas vão corrigindo, melhorando a segurança, à medida que os problemas acontecem. Mas as pessoas precisam ter mais cuidado, instalar um antivírus nos aparelhos e não sair acreditando em tudo que recebem”, frisa o ex-delegado da Polícia Federal (PF) José Roberto Lima.