Últimas Notícias

Os jogadores brasileiros de futebol mais talentosos de todos os tempos

Historicamente, o Brasil sempre revelou inúmeros talentos para o futebol. Alguns, verdadeiros gênios com a bola nos pés, e uns poucos alçados à condição de super-humanos. Compará-los, contudo, exige de quem o faça muito discernimento acerca das circunstâncias temporais e de todo um conjunto socioeconômico.

O paulistano Arthur Friedenreich, por exemplo, jogou futebol em uma época praticamente embrionária, cuja estrutura, tanto relacionada aos clubes, como aquela vivenciada pelo atleta no seu dia a dia, nem de longe se assemelhava a que vemos hoje. Atuando por diversos clubes de São Paulo, exceção feita ao Flamengo, clube no qual encerraria a carreira em 1935, Friedenreich tornou-se uma lenda. Começou jogando pelo Germânia em 1909, depois passou Ypiranga, Mackenzie, Americano Payssandu, Paulistano, Santos e São Paulo, sem contar as idas e vindas entre os times citados. Dados não oficiais apontam que ele tenha marcado 1329 gols em sua longa carreira de 26 anos, o que seria um recorde mundial. Em 1999, a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol o elegeu como quinto maior jogador brasileiro de todos os tempos.

Nascido em 16 de março de 1934, Dida iniciou sua carreira no CSA e, em 1954, chamou a atenção do treinador do Flamengo que assistia a uma partida entre as seleções estaduais de Alagoas e Paraíba, jogo no qual marcou um hat-trick. No começo, Dida atuava entre os profissionais eventualmente, e só em 1955 seria alçado à equipe de cima, assumindo, de imediato, a titularidade. Neste mesmo ano foi peça importante na conquista do Campeonato Carioca, principalmente na final, onde marcou três gols. Durante anos, Dida foi o principal jogador rubro-negro, mas em 1964  seu passe foi negociado com Portuguesa de Desportos, clube paulistano. Foram duas temporadas em São Paulo e seguiu para o Atlético Junior da Colombia onde encerrou sua carreira. Quem o viu jogar, torcedores e imprensa, não se furtam em achá-lo genial, mas sua genialidade entrava em recesso com certa frequência, dando a impressão de que jogava quando bem entendia. Pelo Flamengo tornou-se o segundo maior artilheiro da história do clube, com 264 gols em 358 jogos, sendo superado apenas por seu fã Zico.

Muitos jogadores poderiam ser citados antes dos maiores de todos os tempos, Garrincha e Pelé. Poderíamos voltar no tempo e destacar Leônidas da Silva, o homem que inventou um dos lances plasticamente mais belos do futebol, a bicicleta, ou Didi, outro inventor, a folha seca, uma batida na  bola que ganhava um efeito terrível para os goleiros, a bola subia muito e, de repente, caía como um míssil. Poderíamos colocar nomes como Ronaldo Fenômemo, Ronaldinho Gaúcho, Sócrates, Falcão, Neymar, Rivelino e Zico e promover um sorteio, pois a honraria estaria em boas mãos de qualquer jeito. No entanto, acreditamos muito justo propor o nome de Reinaldo.

Reinaldo não era só um grande jogador de futebol, era e é, um homem socialmente engajado, politicamente ativo e extremamente humano. Começou sua trajetória no Atlético Mineiro, onde jogou de 1973 a 1985. Reinaldo comemorava seus gols de modo bastante peculiar,  erguia seu punho direito, em um gesto que lembrava o dos militantes negros do movimento dos Panteras Negras dos Estados Unidos. Por conta disso e por suas posições políticas independentes, Reinaldo era visto com desconfiança pelos representantes do regime militar, o que teria dificultado a sua trajetória na Seleção. Convocado em 1978 para Copa disputada na Argentina, não foi em 1982, apesar de estar em boa forma física e técnica. Muito acima da média, Reinaldo foi um jogador de dribles secos e sempre incisivos, em direção ao gol. Foram 255 gols na carreira repleta de contusões. Foi, literalmente, caçado em campo. Por conta disso, encerrou sua trajetória precocemente aos 31 anos de idade.

Muito embora o teatrólogo e jornalista Nelson Rodrigues tenha dito que toda unanimidade é burra, Garrincha e Pelé desmentem a máxima. O mesmo Nelson chamou Garrincha de “o anjo das pernas tortas”. Garrincha e Pelé juntos na seleção nunca perderam um jogo. Contundido e fora do time na Copa chilena de 1962, Pelé assistiu ao show de Garrincha, repleto de dribles desconcertantes, gols, inclusive de cabeça, passes magistrais, mais que isso, assistiu um verdadeiro gênio indo a campo para trazer o bicampeonato mundial. Apesar do alcoolismo, sua carreira profissional foi longa, de 1953, quando estreou pelo Botafogo do Rio, até 1972, jogando pelo Olaria. Defendeu o Botafogo até 1965, transferindo-se para o Corinthians. A essa altura, a doença já o estava prejudicando muito,  e sequer completou um ano no clube paulistano. A partir de 1967, Garrincha virou um andarilho, jogando pequenas temporadas em pequenos clubes. Em 20 de janeiro de 1983, o maravilhoso Garrincha, morre aos 49 anos de idade.

Não há um habitante neste planeta que não tenha ouvido falar ou não saiba quem é Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, o maior atleta do século XX. O super humano Pelé inventou tudo muito antes que os celulares e suas câmeras revelassem como novidade os dribles e passes de Ronaldinhos, Cristianos, Messis e assemelhados. Pelé tornou-se a origem de tudo, todos os grandes craques posteriores a ele, dele descendem. Foram três títulos mundiais pela seleção, dois mundiais pelo Santos Futebol Clube, foram 1281 gols, destacados como recorde pelo Guinness, maior goleador da seleção brasileira, 77 gols, foram duas guerras paralisadas para vê-lo jogar. Todos os títulos possíveis por seus únicos clubes, Santos e New York Cosmos, todos os títulos individuais que um atleta possa almejar. O maior de todos os talentos. Um super humano.