Coluna de Leandro Heringer – Pessoas públicas e vidas privadas

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Recentemente, no seu programa matinal, Ana Maria Braga deixou a atriz Mariana Ximenes constrangida ao perguntar “Como é que consegue permanecer com esse coraçãozinho vazio?”.

A distância entre o público e o privado, cada vez mais, torna-se menor. Ana Paula Arósio, no auge do sucesso, optou por uma vida menos exposta, longe dos holofotes. Fama e sucesso não andam necessariamente juntos.

O humorista, apresentador e vocalista da banda Pedra Letícia, Fabiano Cambota disse, mais de uma vez, que quando tocou no Faustão, no início dos anos 2000, passava por grande dificuldade financeira. Na época de curtidas, seguidores e do pavor ao cancelamento, as separações entre público e privado e pessoa e produto ficam turvas.

A exposição torna-se um meio de vida para alguns. Ganha-se financeiramente tanto ou mais com postagens do que com contratos com emissoras de televisão, por exemplo. O custo, porém, apresenta-se alto e indesejável para outros.  Ter muitos seguidores não significa necessariamente ser querido. Os chamados haters ficam à espreita esperando um possível deslize ou algo que possam ver como motivação para cancelamentos.

Na política, seguidores não são sinônimo de votos. Nas artes, não significam teatro cheio. Mas, representam sempre o potencial de grandes ganhos ou perdas. A interação com seguidores pode ser uma estratégia “ganha-ganha” para ambos os lados.

Cito exemplo do jornalista esportivo Jorge Nicola. Com mais de 1,3 milhão de inscritos em seu canal no Youtube, ele busca a interação e a proximidade com sua audiência e os membros do canal. A postura mostra um processo comunicacional legítimo. As lives demonstram relação profissional e pessoal com a audiência. Contudo, o controle à exposição, a gestão de imagem o afasta de boatos.

O público e o privado. A pessoa e o produto. Relações que se misturam cada vez mais. Controles, gestões são dificultadas. Sucesso e fama misturam-se e afastam-se. Seguir adiante refletindo sobre ganhos e perdas. Amores e cancelamentos. Em todas as atividades. Como permanecer com o coração vazio? Uma questão íntima? Talvez.