As manifestações populares fazem parte da história e da democracia brasileira. Com grandes períodos autoritários permeados por curtos momentos democráticos, a história da república brasileira possui grandes e importantes manifestações. Fotos, vídeos e lembranças permeiam esses momentos.
O tenentismo foi um movimento contrário ao período ditatorial de Vargas. As “Diretas Já”, na década de 1980, constituiu marco histórico pela democracia. Posteriormente, os “caras-pintadas” foram às ruas pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo.
No atual século, as manifestações nas ruas tiveram acréscimo de movimentos em plataformas digitais e até de panelaços. A chamada “Primavera Árabe” em que regimes autoritários foram depostos ou fragilizados principalmente por meio de articulações por meio de plataformas digitais serviu de modelo para mobilizações também no Brasil.
Atos terroristas feitos pelos denominados black blocks deixaram lições a respeito de articulações entre o real e o virtual. Destruição de bens públicos e privados, violência contra população e o medo mexeram com a percepção de cidadãos e cidadãs a respeito da participação popular legítima.
A Internet passou a ser vista, definitivamente, como parte da arena de discussão das políticas públicas. Com a popularização do uso das plataformas digitais também para fins de discussão política e os algoritmos que criaram “bolhas”, a separação de percepções sobre o contexto político-partidário foi maximizada.
O diálogo era minimizado e a polarização, construída virtualmente, foi exposta pela apropriação de locais públicos determinados segundo a visão ideológica dos grupos. Em Belo Horizonte, por exemplo, a Praça da Estação foi escolhida como marco para manifestações da “esquerda”, enquanto a Praça da Liberdade reúne a “direita”.
Manifestações de apoio à Operação Lava Jato e de apoio ao impeachment de Dilma Roussef tiveram esse caráter híbrido, entre discursos divulgados virtualmente, panelaços e “o povo na rua”. Recentemente, com o banimento da plataforma “X”, os espaços públicos virtuais estão sob ataque. A proposta de censura de manifestação de opiniões é clara.
Assim, as ruas tornam-se estratégicas. Camisas, faixas, canções e reunião de núcleos que compõem a sociedade- amigos, familiares, entidades representativas, entre outras- manifestam-se pela democracia e pela liberdade. Contra a relativização da legitimidade de gritos – reais e virtuais- de outros tempos. O tema da bandeira mineira fortalece-se. “Liberdade ainda que tardia” .
É o Brasil mostrando, mais uma vez, sua cara.Nas ruas, nas praças, nas casas. Presencial e virtualmente.