O mês de outubro vem, nos últimos anos no Brasil, sendo conhecido como o mês da saúde da mulher devido à campanha Outubro Rosa. Organizações pintam aeronaves, iluminam prédios e desenvolvem ações para assistência à saúde da mulher.
Câncer de mama, de colo de útero e outras doenças entram em pauta. A divulgação de informações e serviços é potencializada. É criado um contexto que favoreça o cuidado à saúde da mulher.
Essas ações servem tanto para informar e proporcionar assistência à população feminina quanto para dar visibilidade às organizações em uma perspectiva de marketing social. A comoção social estimulada proporciona ambiente de autocuidado e busca por consultas.
Nesse contexto, a responsabilidade de profissionais de saúde é aumentada. Afinal de contas, é na chamada “ponta” que a assistência à saúde é efetivada. Nos postos de saúde, centros especializados e hospitais.
Desse modo, o cuidado e a humanização no trato com a paciente são fundamentais. Contudo, infelizmente, nem sempre existentes. No ambiente rosa, é preciso precaver-se aos espinhos. Um deles é a violência obstétrica.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência obstétrica pode incluir abusos verbais, restringir a presença de acompanhante, procedimentos médicos não consentidos, violação de privacidade e recusa em administrar analgésicos. A ocorrência deve ser levada à administração do local e, dependendo do contexto, ser feito boletim de ocorrência.
Certa vez, fui com minha então esposa a um hospital. Enquanto esperávamos o atendimento, chegou uma gestante manifestando dor e desespero. O medo de perder a gestação era visível. Nesse momento, o médico disse “A casa está caindo, hein? Entre no consultório” A frase e o tom utilizados em nada ajudavam a paciente.
Ao entrarmos em outro consultório, primeiramente o médico tentou impedir que eu acompanhasse minha companheira. Vendo que não seria possível o impedimento, a contragosto, deixou que eu acompanhasse a consulta. Durante a consulta manifestou opinião não pedida sobre métodos contraceptivos criticando o uso conjunto de pílula e preservativo.
Essas situações nos levaram a levar ao conhecimento dos responsáveis e a refletir sobre a violência obstétrica. Puxando na memória, outras vieram à lembrança. Em quais situações ocorre? O respeito à mulher é efetivado na assistência? Como proceder nessas situações?
O primeiro passo é saber que, embora em menor quantidade, o atendimento pode ser abusivo ou inadequado. A saúde é um direito fundamental. Em outubro, tingido de rosa. Que seja desde a divulgação de campanhas até a efetivação da assistência. Não deixe de se cuidar com informações e a busca pela saúde plena.