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Leandro Heringer
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Coluna de Leandro Heringer – @SaúdeMental: como lidar com as plataformas digitais

“A verdade é que muitas pessoas vivem em função da rede social. As pessoas vão a um lugar e estão preocupados em dividir o lugar. Você deixa de desfrutar para impressionar os outros. É delicadíssimo. Sugiro que a gente viva. Depois de viver, pensar em publicar. A rede social não pode ser a prioridade na vida de ninguém”. A declaração do jornalista Jorge Nicola, dono de um canal com mais de 1,3 milhão de inscritos no Youtube ilustra o impacto das plataformas digitais na vida dos mais 84% dos lares brasileiros com acesso à internet segundo dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

O Brasil é o terceiro país que mais consome redes sociais em todo o mundo. A constatação é de um levantamento da Comscore. Manter contato com amigos e família, ler notícias e procurar produtos para compra são as principais atividades realizadas nas plataformas ditais, de acordo com pesquisa realizada pelo Digital Brazil em 2023. São 156 milhões de brasileiros conectados à rede mundial de computadores. Para ilustrar, são quase 7,5 vezes a população de Minas Gerais ou cerca de 2.328 estádios do Mineirão lotados. A população brasileira acessa quase 4 horas por dia a mídia sociai seja para manter contato com amigos e família (54%) seja para leitura de notícias e procura por produtos para compra (44,4%) de acordo com dados da pesquisa feita em 2023.

Tanta exposição à vida digital afeta o comportamento das pessoas: ações de cancelamento de pessoas e organizações, divulgação massiva de conteúdo, necessidade de informação em tempo real, maior exposição a críticas e a discursos de ódio são algumas das atividades que passaram a fazer parte do dia-a-dia na Internet. A saúde mental pode ser afetada nesse contexto. Jornalista esportivo há mais de 20 anos, colunista na Rádio 98 FM, blogueiro do portal R7, comentarista na Paramount +, Jorge Nicola produz vídeos e lives sobre jornalismo esportivo em seu canal no Youtube com mais 1,3 milhão de inscritos e em sua página do Instagram com quease 500 mil seguidores.  A proximidade entre produtores de conteúdo e público é um dos pontos que o jornalista ressalta na transformação da comunicação. “Cada veículo de comunicação tem uma linguagem. A internet transformou a forma de comunicar em todos os veículos. Na rádio, também temos Internet. No blog, temos vários comentários. A internet aproximou muito o público do produtor de conteúdo. Dessa forma, tento ser o mais próximo possível do público. Pelas lives, todo dia, encontramos com o público. É um diálogo”, aponta.  Sobre as críticas, para Nicola, é possível diferenciar o texto maldoso, o discurso de ódio da crítica construtiva. “A crítica maldosa vem acompanhada de preconceito, de raiva. A pessoa fala que você não acrescenta nada ou é uma merda. Já a crítica construtiva é importante para o crescimento. A pessoa aponta uma falha no texto, por exemplo”.

O impacto das plataformas digitais para o público adolescente é objeto da análise do psicólogo clínico, Pedro Couto. “Muitas vezes, esses jovens idealizam a vida de celebridades ou influenciadores. Outra característica interessante observada é que na maior parte das vezes, as mídias sociais ignoram ou negligenciam emoções aversivas, como tristeza, ansiedade ou medo, criando uma ideia que de esses sentimentos não existem. O desejo por imitar esse perfil somado a imaturidade e dificuldade em se regular emocionalmente muitas vezes gera sofrimento e acaba por estabelecer uma ruptura com sua própria identidade”. Contudo, Couto também mostra benefícios das plataformas digitais para os adolescentes. “Uma rede social pode ser uma ferramenta importante para auxiliar jovens a interagir socialmente, possibilitando à estes participar de grupos e comunicar-se com maior assertividade, principalmente no ambiente escolar. Temos exemplos ainda, de adolescentes que utilizam essas mesmas redes como forma de se autorregular o desenvolver repertório, seja se comunicando com amigos através do “WhatsApp” para confirmar as atividades ministradas numa aula ou estudar para uma prova buscando conteúdo no “Youtube””, explica.