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Leandro Heringer
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Coluna de Leandro Heringer – Benchmarking ou complexo de vira-lata?

Nada se cria, tudo se copia? Não é bem assim. Estudar as melhores práticas, estratégias e posicionamentos é uma prática necessária nas organizações. Entender o sucesso de produtos, serviços e marcas é essencial. Benchmarking é o nome dessa prática.

Contudo, é necessário compreender que as ações de uma organização ocorrem em determinado contexto. Dessa forma, é fundamental verificar a necessidade de adaptação à realidade em que se está.

Um exemplo da falta de verificação crítica na adoção da prática de benchmarking está no futebol. O futebol sul-americano tem importância inegável. Porém, em termos de negócios, principalmente de times, a arrecadação e a exposição estão muito atrás das equipes europeias.

Essa discrepância é refletida tanto nos balanços contábeis quanto nos resultados futebolísticos. Desde o ano de 2000, foram seis títulos sul-americanos no mundial de clubes. Considerando-se que, em 2000, ocorreram dois mundiais, um com título do Boca Juniors e outro do Corinthians. Foram 19 conquistas europeias.

Nesse contexto, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) decidiu realizar o benchmarking. Vendo o sucesso do torneio de times da Europa, a Champions League, foi determinada a final única para a Copa Libertadores.

Contudo, foram desconsiderados fatores importantes: diferenças de acesso a transporte, o custo do transporte, a malha viária, estrutura de estradas e ferrovias, a maior distância a ser percorrida e o poder aquisitivo, entre outros. Ter a final única concentra potencialmente patrocinadores e mídia.

A final entre Atlético e Botafogo ocorreu em Buenos Aires com público de cerca de 65 mil pessoas. O estádio tem capacidade para 80 mil lugares. Finais no Nilton Santos ou Maracanã e outra na Arena MRV ou Mineirão proporcionariam públicos maiores, taxas de ocupação de estádio próximas à lotação e maior acesso a torcedores com poder aquisitivo menor.

Assim, é preciso diferenciar benchmarking de complexo de vira-lata. Adotar as melhores práticas, verificar casos de sucesso e ter lições aprendidas é estratégico. Para tanto, é fundamental conhecer e analisar os contextos tanto da organização modelo quanto de onde se pretende aplicar. No caso do futebol, está cada vez mais claro que a final única do maior torneio de clubes do continente aproxima-se de um complexo de vira-lata