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MG - Homem mata mulher e inventa sequestro
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MG – Homem mata mulher e inventa sequestro

Um homem matou a mulher depois que a buscou na igreja e inventou um sequestro para escapar da prisão, mas acabou confessando o crime, que aconteceu na noite desse domingo (10) em São João Del Rei, no Campo das Vertentes. Os dois eram casados há cerca de 30 anos.

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Quando foi confrontado pela polícia, na delegacia, Celso Antônio de Ávila, de 57 anos, acabou se mostrando arrependido e desmentiu toda a história que tinha inventado. Na versão real, ele confessou que buscou a mulher, Maria Aparecida das Graças Ávila, de 56 anos, na praça do bairro Matozinhos, depois de ela sair da igreja Bom Senhor Jesus de Matozinhos.

No carro, o casal começou a discutir por causa das dívidas que a mulher fazia. A vítima começou a agredir o marido, arranhando o rosto dele e rasgando a sua camisa, e o suspeito acabou enforcando Maria Aparecida. Acreditando que ela estava morta, ele levou a mulher até um local conhecido como Elvas, próximo a uma lagoa chamada Pedreira Lagoa Azul.

Segundo a Polícia Civil, ao parar o veículo, um Palio, ele tirou a mulher de lá, ainda desacordada, e caminhou em direção à borda da lagoa, quando percebeu que a vítima emitia ruídos, uma espécie de ronco. Foi quando Celso se desequilibrou e caiu na água, saindo em seguida. Ele disse que não percebeu quando sua esposa caiu na lagoa.

Como havia perdido a chave do carro no trajeto, ele  foi à pé para a casa, a cerca de 15 quilômetros dali, falou com a filha que havia sofrido um sequestro junto a esposa e chamou a polícia. O suspeito permanece detido em São João Del Rei e o caso, que está a cargo do delegado do cidade Marcos Atalla, continua sendo investigado.

A história

Com uma riqueza de detalhes que acabou depondo contra o suspeito, já que ele entrou em contradição algumas vezes, Celso chamou a polícia e inventou a história do sequestro. De acordo com a Polícia Militar da cidade, o boletim de ocorrência foi registrado contendo a versão fantasiosa dele a respeito dos fatos: “eu estava esperando a minha mulher sair da igreja, por volta de 20h30, e quando terminou a missa ela veio, mas logo depois apareceram quatro homens, um negro e três brancos, e anunciaram o assalto”.

Ainda na versão do suspeito, os supostos autores do assalto obrigaram Celso a entrar em um Voyage preto e a mulher dele, a entrar no Palio do casal. Eles teriam sido levados na rua Sete de Setembro e passaram pela BR-265, no sentido Barbacena, quando decidiram entrar na estrada vicinal do distrito de Elvas e acessaram a Pedreira Lagoa Azul. Ao pararem os veículos, os autores teriam pedido a Celso dinheiro e cartão. Celso disse que deu a eles R$ 700,00, mas como eles não ficaram satisfeitos, apontaram a arma para a cabeça dele.

Foi aí que Celso teria conseguido se desvencilhar do grupo e sair correndo para a lagoa, nadando de uma margem para a outra. No momento em que atravessava a lagoa, ele disse ter ouvido três tiros, e contou que se escondeu no mato, voltando pouco depois ao local, mas não encontrou a esposa ou o carro dos autores, apenas o próprio veículo. “Quando eu vi que minha mulher não estava mais lá, voltei a pé para a casa pela estrada, porque não tinha encontrado a chave do meu carro”, disse.

Quando a polícia chegou ao local, o Palio estava todo revirado por dentro com objetos pessoais espalhados. Foi feita uma varredura no local, segundo a Polícia Militar, e o corpo da vítima foi encontrado boiando na água. Maria Aparecida foi enterrada na manhã desta segunda-feira (11). 
Como Celso estava com escoriações no rosto – causadas pelas arranhões da mulher, e não por ter se desvencilhado dos bandidos, como disse – os militares quiseram o levar ao hospital, mas ele recusou atendimento médico.

A verdade

Após prestar depoimento na delegacia, os policiais detectaram vários pontos desencontrados em seu relato. Para começar, ele disse que pulou na lagoa, mas estava usando um boné e chinelos, que ainda estavam com ele durante seu depoimento. Os investigadores entenderam que não seria plausível ele ter nadado de uma margem a outra e ainda estivesse com os acessórios, que certamente teriam se perdido no trajeto aquático.

Além disso, a polícia não detectou nenhum sinal que indicasse a presença de outro veículo no local do crime, como Celso havia dito, além do próprio veículo. Outra constatação que denota a invenção no relato do suspeito, é o fato dele ter pulado na lagoa, já que há uma parede de pedra que rodeia a água. Além disso, ele disse que conseguiu voltar para onde estava o seu carro, mesmo sendo um lugar ermo e de difícil acesso.

Por fim, outra afirmação que causou estranheza aos policiais, foi o suspeito não ter buscado socorro nas casas perto do local do crime, e sim, preferir percorrer aproximadamente 15 quilômetros à pé, até a sua casa, para só então acionar a polícia.

Após ter acesso às câmeras de segurança de um estabelecimento localizado no trajeto entre a igreja e a Pedreira Lagoa Azul, foi constatado que não passaram dois veículos por ali, como Celso havia afirmado, apenas um, o Palio dele.