Coluna – Ninguém Manda em Mim

– Bom dia seu padre! – Bom dia meu filho, o que este pequeno servo do Senhor pode fazer por você? – Seu padre eu quero me confessar! – Muito bem, veio ao lugar certo, mas só uma pergunta meu filho! Por que demorastes tanto para vir? – Como assim seu padre? – Digo por nunca ter ouvido sua voz. – É claro seu padre, o senhor chegou ontem na paroquia! – Ai meu Deus, me perdoe! Eu sempre me confundo quando sou transferido de uma comunidade para outra. – E o senhor costuma ser transferido com muita frequência? – Ultimamente sim! Não me deixam nem esfriar o calor da bunda e já me mandam capar o gato! – Estranho. – Estranho o quê? – Um padre mudar tanto de Igreja, conheci um na paroquia do bairro onde eu morava quando era pequeno que ficou lá até morreu, e olha que morreu já velhinho! – E daí? – Daí nada, só estou comentando. – Você está desconfiando de mim por acaso? – Eu não disse isso! – Mas disse que o tal do padre que conheceu ficou na tal paroquia até morrer! No mínimo não saiu por falta de opção, nenhuma outra paroquia solicitou seus trabalhos! – O senhor está enganadíssimo da silva, O padre João era um santo, hoje tem até uma estátua dele em frente à Igreja! – E eu com isso? – Nada, só estou querendo dizer que padre que muda muito desse jeito, ou está aprontando demais ou não sabe rezar direito! – ô seu filho de uma quenga, você está insinuando que eu aprontei debaixo dos olhos do nosso senhor Jesus Cristo? – Até agora não falei nada de Jesus Cristo! Falei de padre que apronta! – Então eu apronto? – Não sei, então porque é que muda tanto de Igreja? – Não te interessa! – Interessa sim! – Interessa por quê? – Não te interessa! – Como assim? – Não te interessando! – Pois interessa sim senhor que diz respeito a minha pessoa! – Não lhe devo satisfações! – Então por que tenho que lhe dar satisfações?! – Eu contribuo com a Igreja! – Pois eu contribuo com o estado e não ando perguntando ao Governador sobre suas atividades! – O senhor não pergunta por que Governador não é Padre! Se Deus quisesse que um governador dirigisse uma igreja, colocaria todo mundo para votar nos padres! – Escuta aqui meu filho, meu tempo é curto, ou você confessa ou da licença que lá fora tem mais gente! – Confesso a hora que eu quiser, daqui eu não saio! (silêncio)- Tudo bem será que excelentíssimo senhor pecador, poderia confessar seus pecados agora? – Posso, por que eu quero ninguém manda em mim, nem padre, nem Papa nenhum! Aliás, um Papa eu deixo mandar um tiquinho! Mas só por causa da sua aproximação com Deus! – Gostaria que o senhor não se esquecesse de que eu estou aqui a mando de Deus, sou um funcionário dele! Também estou próximo a ele! – Mas o Papa está mais! (novo silencio do Padre que bufa de raiva) – Tudo bem, tudo bem! Vamos parar com a ladainha e começar a confissão! – Nossa Senhora esta é a maior blasfêmia que já vi um padre dizer, então quer dizer que devemos parar com a ladainha? A Invocação de intercessão junto a Deus! BLASFEMIA, BLASFEMIA! – Ei psiu, psiu! Quer parar de gritar, por favor! Eu disse ladainha numa maneira coloquial de expressão, seu lesado! – Seu o quê? – Nada, esquece, vamos à confissão? – O senhor é o padre mais estranho que eu já vi! – Ah é, então desenterra a múmia que era da sua paroquia e se confesse com ele! – O senhor não fale assim do padre João! Lave a boca antes de dirigir ofensas a ele, seu padre de araque! – Padre de quê você chamou? – Nada, esquece, vamos à confissão! – O senhor está me imitando? – Entenda como quiser. Quero me confessar agora! – Espera ai deixe-me tomar um gole de vinho bento para tirar o estresse!- Me dá um pouquinho? – Não! – Então enfia no toba! – Boca suja do capeta! – Padre morto de fome! – Quer saber de uma coisa, eu não quero mais me confessar! – Por mim, não ganho por confissão! Deus te acompanhe! – Acompanha se eu quiser ninguém manda em mim!

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