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Coluna do Dr. Marcelo Freitas – O que você está fazendo para melhorar o lugar em que vive?

Coluna do Dr. Marcelo Freitas – O que você está fazendo para melhorar o lugar em que vive?

Ao menos uma vez a cada semana, ao sentar para escrever as minhas provocações, tenho me deparado com publicações jornalísticas que externam sempre o mesmo conteúdo: a conduta inescrupulosa de nossos eleitos, a violência cada vez maior, o medo e a descrença do cidadão com o seu futuro. Tudo leva a crer que se cuida de uma realidade com a qual nós, brasileiros, devemos nos acostumar.

Recebi, contudo, um vídeo do escritor Mario Cortella, que retrata a diferença entre o pessimista e o otimista, que caiu como uma luva às minhas ideias diante dos episódios recentes de nossa nação. Afinal, onde vamos parar? Que fim levará tudo isso? Esse estado de coisas permanecerá assim?

Ainda ontem, tive a oportunidade de palestrar, junto com meu amigo Antônio Alvimar, Padre e Vice-Reitor da Unimontes, sobre a fraternidade e a superação da violência, tema da Campanha da Fraternidade de 2018. E era justamente sobre esperança e ação que estávamos falando. Sobre o otimismo de acreditar na mudança de mentalidades e na construção de ideais capazes de melhorar, ainda que apenas um pouco, o mundo em que vivemos.

A capacidade de ação do ser humano não se finda na lamentação ou na conduta de outro indivíduo! Essa habilidade deve ser ampla e se embasar na ideia de fazer algo, de ajudar alguém, de se irresignar diante do mal! E nessa ideia de acreditar, de esperar um futuro melhor, indago a você, caro leitor, o que está fazendo para melhorar o lugar em que vive? É melhor nos armarmos? Diminuirmos a maioridade penal? Matarmos os estupradores? Cortarmos as mãos dos salteadores? Encarcerarmos os usuários de drogas?

Tratar os problemas com medidas repressivas é um grande erro! É ser pessimista, é voltar-se contra todas as ideias de mudança e esperança. Fica evidente, assim, que não é a intervenção tardia que resolverá o problema da violência, da miséria, da fome. Somos mestres em agir só depois que fatos trágicos acontecem. Essa repressão, esse agir póstumo, pode em algum contexto ou momento amenizar índices, maquiar números, mas não irá contribuir para a efetiva mudança, a transformação do meio em que vivemos.

Certa feita, Jonh Lennon chegou a afirmar que “é uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós”. É aqui que reside a diferença entre o otimista e o pessimista. O verdadeiramente bom e o mau. Não trato aqui do otimista que cheira flores e contempla arco-íris! Falo das pessoas que, calcadas em esperança, dão um novo rumo ao que vêm de errado, contribuem para mudar aquilo que não está indo bem, ajudam àqueles que precisam, saem do conforto do sofá e vão à luta. Sonham, lutam de novo. Mesmo sucumbindo, não desistem nunca!

Hoje vivemos o mundo do pessimista, aquele que lamenta por tudo. Sempre diz que vai dar errado e não ajuda em nada. Aquele que senta, espera, lamenta e quando não dá certo, esbraveja que sabia que não iria dar certo. Mundo de pessimistas que apregoam a cultura do combate à violência com mais violência, que sempre culpam alguém por algo que ele poderia ter feito. Mal sabem que a sua omissão é idêntica ou ainda pior. Estamos na cultura da acomodação e do egoísmo, e sentamos em cima de nossos “rabos” esperando a morte chegar, sem qualquer forma de atitude.

O que incito hoje é: o que você está fazendo para melhorar o lugar em que vive? E não vale pensar naquelas moedas que deu aos mendigos na parada do sinal de trânsito, nem imaginar que ao deixar de fazer algo você está se protegendo da violência. Você já imaginou que somos responsáveis por muitas dessas mazelas que ocorrem? Ora, pessimistas sempre esperamos que outra pessoa faça o que é nossa obrigação. Tem projetos por ai que têm o financiamento, estrutura, mas que não têm voluntários suficientes para ajudar. Que o diga o meu amigo Gilson Pinho, da Triggus, com seu utópico sonho de alimentar todo mundo. Para aqueles que vivem em seus casulos, há muita gente passando fome!

Lar das Velhinhas, asilo São Vicente, Rede Sara, APAE, Paula Elizabeth, Santa Bernadete, Orfanato Bom Jesus, Consep, presídio, comunidades pobres… Sempre há alguém precisando de ajuda, apoio e atenção. Citei apenas aqueles espaços que, de relance, me vieram à cabeça. Existem muitos mais.

Uma fralda, um leite, um abraço, um sorriso, uma hora de dedicação por semana… Se todos nós dedicássemos a ajudar ao próximo, teríamos um mundo melhor. E com essa construção de valores, vamos nos moldando em otimistas que não deixarão ninguém nos roubar a esperança, ainda que estejamos diante de um assaltante a mão armada ou de um político corrupto e sem escrúpulos.

Para aquele que poderia pensar em ser assaltante, o enfrentamento viria com políticas públicas corretas, oportunidades de trabalho, educação de qualidade para os filhos, moradia digna. Quando se assenhorear da esperança, será expurgada a ideia de violência, do mal, da descrença. Para o político corrupto, lado outro, o voto correto, a execração pública, mostrando-lhe que a esperança em um país melhor não cabe àquele que deveria zelar pelo público e não o fez. E assim teremos representantes corretos, capazes de estampar a nossa luta e a dos demais.

Concluo com Augusto dos Anjos:

“A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.”

Esperança! Otimismo! Luta! É com entusiasmo que devemos viver e acreditar! O que eu posso fazer para melhorar o lugar em que vivo? Pense nisso, seja otimista, seja transformador!

Dr. Marcelo Eduardo Freitas – Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia.

Dr. Marcelo Eduardo Freitas
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