Coluna da Núbia Istela – Empoderamento capilar
Ainda me lembro como se fosse ontem a primeira vez que entrei em um salão para fazer meu primeiro alisamento, eu tinha 11 anos. Recordo daquele cheiro maravilhoso de salão, do produto usado para hidratar meu cabelo e da sensação que a chapinha bem feita tinha causado em mim. Sentia um pouco de vergonha, mas também um certo alívio, sem contar com o prazer de ter o cabelo grande como eu sempre havia sonhado. AQUILO NÃO DUROU MUITO TEMPO E EU QUERIA MAIS.
Desde de muito cedo, mulheres como eu, que nasceram com o cabelo crespo, aprendemos por toda uma época que aquilo era feio, a partir de então passamos a viver em uma caixinha que nos colocaram, escravas silenciadas do “socialmente bonito”. Paras as PRETAS DO CABELO DURO, tinha até música para ofender. Portanto o melhor era procurar a rota de fuga mais acessível para se livrar daquilo que nos pertencia, e aceitar o veredicto dado por alguém que nem sabíamos quem era, mas estava ali nos apontando o tempo todo. A MAIORIA DE NÓS ÉRAMOS CRIANÇAS.
Aprendemos a não gostar do que víamos no espelho, apesar da vontade intensa de ser o que queríamos ser. EU AMAVA OS MEUS CACHOS, achava tão lindas aquelas molinhas, que nunca tive coragem de chegar as últimas consequências, apesar de tantos encorajamentos (progressiva), eu ficava ali na beirinha. Pedia para a moça do salão para apenas soltar os meus cachos (o que me deu pontas lisas por muitos anos), ficava mais fácil na hora de escovar, e assim passei por toda a minha adolescência, uma vez por semana, lá estava eu fritando cada uma das minhas molinhas.
OK, não existe sensação mais libertadora que acordar de manhã e saber que está pronta para qualquer que seja o evento, seu cabelo é seu melhor aliado. Porque, não importa o que dizem, cuidar dos meus cabelos hoje é muito mais fácil do que antes, só preciso achar os produtos certos para deixa-los sempre nutridos e saudáveis, no mais ELE É O MEU ACESSÓRIO INDISPENSÁVEL. Tomar chuva, sem problemas. Lavar todos os dias durante o verão, ok (mas não faço). Mudar o visual quando e na hora que eu quero, tudo bem também.
Autoestima
Nem sempre eu fui uma pessoa com autoestima alta, estava sempre me encolhendo em alguns lugares, o patinho feio do rolê. No entanto, tudo mudou no exato instante que resolvi assumir a mulher que existia dentro de mim, que eu insistia em esconder e, ela é incrível. Hoje, portanto, a minha autoestima não está nas mãos do outro e nem em uma indústria programada para me dizer o que ou não devo usar. A MINHA AUTOESTIMA ME PERTENCE.
Conheci muitas meninas que estiveram na mesma situação desde sempre, e se tornaram minhas irmãs e grande aliadas, a Gisele Alvares e a Larissa Diniz são dois exemplos de superação, dedicação e transformação. Ambas recomeçaram, TIRARAM O QUE NÃO PERTENCIAM A ELAS E DERAM VIDAS ÀS MULHERES QUE SEMPRE FORAM e estavam trancafiadas, e são maravilhosas.
E, ainda sobre autoestima, seguem as palavras da Larissa: “Isso é indiscutível, nunca me senti original com o cabelo liso, ME SENTIA UMA PESSOA QUERENDO SE ENCAIXAR. Quando tomei a decisão de cortar tudo e deixar natural, foi um choque no começo, pois NUNCA TINHA ME VISTO NATURAL. Minha mãe alisava meu cabelo desde que eu era nova, porém, o sentimento de LIBERDADE foi imenso. Hoje eu me sinto muito mais autêntica, nasci assim, essa é a beleza que combina comigo, MOLDURA PERFEITA PARA O MEU ROSTO”, disse.
O sentimento de pertencer é maravilhoso e por vezes gratificante, mas o melhor das sensações é PERTENCER A SI MESMO. Caber em seu corpo, em suas regras, nas suas próprias paixões sejam elas quais forem.
Estar bem consigo mesmo é como andar na rua e encontrar todos os semáforos abertos, e uma avenida inteira para passar sem a preocupação de que alguém esteja te analisando, é ser capaz de aplaudir cada uma de suas conquistas e aprender com o que não deu tão certo assim, o primeiro passo é auto aceitação. Estar bem consigo mesmo é reivindicar sua maneira mais eficaz de ser feliz, de ser LIVRE.
AME-SE
O AMOR PRÓPRIO TAMBÉM É UM EXERCÍCIO.