Pesquisa indica que jovens entre 18 e 24 anos ficam cerca de nove meses em uma empresa.
Os jovens da Geração Z mudam mais de emprego do que as outras gerações, segundo o relatório Clima & Engajamento, produzido pela Gupy. Enquanto os trabalhadores de gerações anteriores costumam permanecer no mesmo emprego por uma média de pelo menos dois anos, a população entre 18 e 24 anos fica cerca de nove meses em uma empresa.
De acordo com a consultoria McKinsey, para continuar em um emprego, esse grupo prioriza fatores como flexibilidade, trabalho significativo, desenvolvimento de carreira e um ambiente de trabalho favorável e seguro, sendo considerados como mais importantes do que a remuneração.
No entanto, a alta rotatividade pode levantar questões sobre como esse comportamento é percebido pelos recrutadores. O gerente sênior de comunicações corporativas do Glassdoor, Alison Sullivan, explica à imprensa que, embora seja compreensível ter um ou dois períodos curtos de emprego em um currículo, uma sequência de mudanças frequentes pode ser interpretada negativamente.
A recomendação é tentar permanecer por pelo menos um ano, pois um período menor pode soar como um alerta para um gerente de Recursos Humanos (RH) ou empresa especializada em contratar recrutamento e seleção, que podem entender aquele funcionário como quem evita desafios ou não é confiável. Sullivan acrescenta que, após esse tempo, é possível ter adquirido conhecimentos, impactado a companhia e demonstrado crescimento.
O relatório aponta ainda que o índice de turnover, indicador que mede a rotatividade dos trabalhadores em determinado período de tempo, impacta a retenção de talentos, a operação e a saúde financeira da organização no geral. Porém, também é destacado que é papel da empresa criar experiências positivas e estabelecer um lugar onde os funcionários realmente desejam permanecer.
A empresa de recrutamento e seleção, Conexão Talento, acredita que o ideal não é falar em “reter” o funcionário, mas em fazer com ele queira ficar, o que muda a abordagem quando se fala em estratégia de gestão de pessoas. Para isso, é importante oferecer perspectiva de crescimento, além de criar um senso de coletividade entre as equipes e estar atento aos salários, benefícios e à capacitação de lideranças.
Pesquisa de clima pode ajudar a manter os colaboradores
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aconselha que as companhias realizem diagnósticos de clima organizacional para entender a qualidade do ambiente percebida pelos colaboradores.
Caso a companhia tenha uma área interna de RH, é recomendado que ela conduza a avaliação. Caso contrário, é possível terceirizar o serviço através de empresas especializadas em outsourcing de RH.
Segundo a Conexão Talento, não é possível criar ação de RH sem conhecer a fundo a equipe. Por essa razão, os trabalhos devem ser iniciados com uma pesquisa de clima e um diagnóstico detalhado, a fim de desenhar estratégias que vão fazer com que os colaboradores queiram ficar na empresa.
“O RH estratégico pode entrar, por exemplo, na questão de avaliar o quão efetivo estão sendo os benefícios oferecidos pela empresa. Ela pode estar dando um benefício que não é valorizado pelo time, sendo mais vantajoso trocar por outro. Muitos fatores podem ser investigados no momento da entrevista de diagnóstico”, explica a empresa.
Dessa forma, a firma consegue investigar os motivos de insatisfação dos colaboradores e realizar melhorias. Um levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), revela que, entre os 53.692 trabalhadores que pediram o desligamento da sua empresa entre novembro de 2023 a abril de 2024, 32,5% tinham como motivações salários baixos e 24,7% apontaram que seu trabalho não era reconhecido.
Além disso, foram citados problemas éticos como a forma de trabalho da empresa (24,5%), problemas com a chefia imediata (16,2%) e inexistência de flexibilidade da jornada (15,7%). Todos esses problemas podem ser identificados em uma pesquisa de clima.
É necessário ressaltar que ela deve ser sigilosa, para que todos se sintam seguros para participar, além de depender do apoio dos cargos de chefia da empresa, para que seja desenvolvido posteriormente um plano de ação para implementação de melhorias.