Oito acusados por duplo feminicídio em Almenara vão a júri popular

Almenara – O juiz Arnon Argolo Matos Rocha, da 2ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, determinou que oito acusados pelo assassinato de duas mulheres na zona rural de Almenara sejam julgados pelo Tribunal do Júri.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), os crimes ocorreram em junho de 2021, quando as vítimas foram atraídas sob um falso convite para tratar de assuntos familiares e, em seguida, executadas a tiros em uma propriedade rural. A motivação estaria ligada a costumes culturais da etnia cigana, à qual pertencem os envolvidos.

👥 Vítimas e contexto cultural

De acordo com os autos, uma das vítimas — viúva há mais de 20 anos — teria iniciado um novo relacionamento, o que contrariaria convenções internas do grupo étnico, que proíbem viúvas de se relacionarem novamente. A outra mulher, ex-nora da viúva, foi morta por apoiá-la e acobertar o novo vínculo afetivo.

A denúncia aponta que o crime foi cometido por membros da própria família, incluindo filhos, ex-cunhados e sobrinhos da vítima. Os réus vão responder por homicídio qualificado, com agravantes como motivo fútil, uso de dissimulação e meio que dificultou a defesa da vítima, além da tipificação como feminicídio.

📑 Indícios e decisão judicial

O juiz considerou que há indícios suficientes de autoria e materialidade, com base em laudos periciais, geolocalização de celulares, testemunhos, relatórios policiais e evidências de dissimulação. A decisão de pronúncia permite que os acusados sejam levados a julgamento popular, embora ainda não haja data definida para a audiência, já que a decisão está sujeita a recurso.

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