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Adilson Cardoso
Adilson Cardoso

Coluna – O Cavalo e o Porco

As injustiças acontecem na terra bem  antes do “Big Bang”, passando pelas formações rochosas, pelos maremotos e terremotos, nos galhos das arvores defecadas pelos passarinhos até chegar aos peixes que vão atrás dos anzóis em busca da minhoca e acabam se danando pela boca. No futebol isto é clássico, vide o zagueiro do Atlético Mineiro Leonardo Silva, era desconhecido até ser acolhido pelo Cruzeiro e depois se mandou para o maior rival, assim fora o técnico Cuca, como Ronaldinho Gaúcho também o fizera ao Grêmio quando foi para o Flamengo.  Esta é uma introdução singela para contar o que ouvi de um papagaio que se chamava “Louro” e morava na casa da minha avó, hoje os dois moram no céu.  Ele chegou sozinho na casa dela, desnutrido e com falta de algumas penas por ter voado durante três dias sem parar, cortando chuva, sol, poeira e calor como dizia Luiz Gonzaga, pousou sobre uma forquilha ao lado de um Mandacaru e ofegante desmaiou de cansaço, o gato que dormia numa sombra próxima limpou os beiços e pé ante pé se preparava para almoçar o psitacídeo, mas minha Vó estava atenta e veio acudir, depois de tomar água e comer despertou-se e em grande desatino contou de onde vinha e o que houve. Era de uma fazenda a quase trezentos quilômetros dali, xodó da senhora, mas o senhor o via com rabo de olhos e achava que ele comia muito mamão, lá havia entre outros animais um lindo cavalo de raça e um porco conselheiro e apaziguador, e foi este suíno a causa da sua fuga, entenda como; O cavalo era marrom, alto e robusto, participava de todos os concursos da região e outros Estados e sempre ganhava ou se colocava entre os primeiros, o Fazendeiro torcia o bigode com a felicidade nos dentes amarelados pelo tabaco, era festa para todos, o cavalo pegava a égua que sonhasse, capas de revistas em exposições e rodeios ele trocava como se troca de rímel dos olhos, até as vacas se curvavam ao seu charme, inclusive o Boi manso tentara matar a companheiro holandesa por notar seu assanhamento pelo cavalo. Mas certo dia ele se levantou desanimado, olhou o sol e espreguiçou com um relincho estranho voltando a dormir, assim contou o papagaio que acordava junto com as galinhas. Os cuidadores trouxeram a palha que ele gostava passada na manteiga, ele não comeu, fizeram cafuné e ele não relaxou, e os dia foram passando tensos, pois o fazendeiro se preocupava com o lucro e aquele cavalo era a mina de ouro, assim vieram veterinários da cidade próxima, da outra mais longe e até do Paraguai e nada descobriam. O porco era o conselheiro e apaziguador, se preocupava com todos, especialmente nestes dias se voltava para o cavalo, dizendo no Porcoguês; – Cavalo quê isso cara, você precisa reagir! Olhe quantos prêmios já ganhastes quantas éguas já pegastes e agora fica ai paradão, feito um bundão! O Cavalo mal abria os olhos e respondia: – Sei não porco, acho que estou indo para o vinagre, não sinto vontade para nada! Estavam com cinco dias completos que o equino não saia da sua casa, o fazendeiro então chamou o tratador em um canto reservado bem nos fundos do chiqueiro onde o porco pegava um bronzeado na lama: – Olha aqui eu já perdi muito dinheiro com esse cavalo filho de uma égua, amanhã estou indo negociar um Manga-larga, se essa merda continuar na apatia que está, depois de amanhã cedinho você o chama, arrasta até o bebedouro e passa o pau na nuca desse corno! Quero cavalo é ativo, não para ficar ai depressivo feito o capitão da seleção de Futebol com medo de bater pênalti. O porco soltou um grunhido de pavor e saiu disparado para contar ao cavalo que estava se fazendo de coitado para chamar atenção, ao ver que o bicho pegaria para ele, levantou-se e saiu comendo o que via pela frente, palha, capim e até folhas secas, e o Porco pulava remexendo seu focinho gordo de felicidade vendo o Cavalo correr, o tratador estava radiando de felicidade, a noite contou ao patrão que incrédulo não via a hora do dia amanhecer para atestar o que ouvia de fato neste dia o cavalo levantou junto com as galinhas e com o papagaio e o porco que queria ver os olhos daquele homem que queria matar seu amigo. No momento em que o robusto cavalo comia e corria demonstrando seu bom estado de saúde, o fazendeiro gritou para um peão; – Jeremias vamos comemorar a recuperação do meu cavalo, mata o Porco que hoje tem festa.

Adilson Cardoso
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