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Para produtores do Norte de Minas, faltou planejamento ao priorizar energia
Para produtores do Norte de Minas, faltou planejamento ao priorizar energia

Norte de Minas – Operador Nacional do Sistema (ONS) é acusado de ingerência

Que chova na cabeceira do rio São Francisco e em todos os seus afluentes. São Pedro, escutai essa prece, compartilhada entre os produtores do Norte de Minas. Em Janaúba, a oração é para chover lá, encher o rio Gorutuba e a barragem Bico da Pedra, que irriga a região. No Jaíba, a reza é para as águas caírem em Três Marias, pois é lá que está o reservatório de onde o fluxo é liberado para o canal de irrigação. Quem administra essa vazão é o Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável pelo controle da geração de energia no país. E é neste órgão que os produtores colocam a culpa dos baixos níveis dos reservatórios.

Para produtores do Norte de Minas, faltou planejamento ao priorizar energia
Para produtores do Norte de Minas, faltou planejamento ao priorizar energia

“O problema foi ingerência do ONS. Mesmo quando a afluência (entrada de água na represa) estava menor do que a efluência (saída de água), eles continuaram liberando água em grande quantidade, priorizando a geração de energia, enquanto deveriam ter feito alguma reserva”, critica o diretor da Associação dos Produtores de Limão do Jaíba (Aslim), Ítalo Teles.

Ele conta que, em janeiro de 2014, recebeu um e-mail de um amigo de Januária, com a série histórica do nível de Três Marias, que estava com 29% da capacidade. Hoje, está com 6%. “Pelo histórico dá para ver que nunca esteve assim. Em 2012, quando começou a cair o nível, eles mantiveram a mesma vazão. Num momento em que entrava 33m³/s, a vazão permitida era de 715 m³/s. Priorizaram a geração de energia, mas deveriam ter pensado melhor”, afirma Teles.

Para o presidente da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte), Jorge Luís de Souza, falta diálogo. “Para nossa surpresa, o ONS decidiu reduzir a vazão de Três Marias e descobrimos que ele não conversava com Codevasf e sequer sabia o que era o projeto Jaíba. Deveriam ter trabalhado com uma reserva maior de água, mas faltou planejamento”, critica Souza.

O ONS informa que tem feito reuniões constantes com todos os envolvidos e que as decisões são tomadas em conjunto com a Agência Nacional das Águas (ANA) e com os órgãos envolvidos.

A Cemig, dona da hidrelétrica de Três Marias, explica que os reservatórios são concebidos para acumular nas chuvas e usar na seca. “Isso está ocorrendo, pois o que chega ao reservatório está próximo de 30 m3/s e o que está saindo é da ordem de 160m3/s”, afirma a Cemig.

Por Queila Ariadne