Quando decidiu sigilosamente construir uma fábrica de automóveis em Pernambuco, em 2012, a Fiat tratou de criar uma fantasia para reduzir a enorme decepção dos mineiros com essa nítida infidelidade. Armou-se a justificativa de que a empresa apenas atendia a uma pressão invencível do então presidente Lula. Os mineiros seriam compensados com uma fábrica de tratores da marca CNH (Case New Holand), que seria instalada em Montes Claros.
A encenação foi típica de uma ópera italiana e levou o então governador Antonio Anastasia a uma viagem a Turim, na Itália, para assinar um protocolo de intenções, em maio de 2012, onde foi recebido com honras que se concede aos príncipes. Mas o tempo mostrou que a ópera era bufa. Três anos se passaram e nada aconteceu. Nem uma única parede foi erguida, um único tijolo foi assentado.
A compensação foi orçada em R$ 600 milhões, valores da época. A Fiat explica que está aguardando a licença ambiental para tocar a obra. Do outro lado, a Secretaria de Meio Ambiente (Semed), informa que desde 2012 a empresa só deu o primeiro passo com o propósito de se obter a licença, que foi o gesto de pro- tocolar um mero pedido de informações. Desde então, a multinacional perdeu todos os prazos para dar se- quência ao processo. O Secretário de Desenvolvimento Econômico de Montes Claros Reinaldo Landulfo Teixeira confirma que a obra está parada e sequer foi iniciada.
A área doada para a fábrica de tratores e para o cinturão de fornecedores está abandonada e trans-formada num imenso terreno baldio.
Por Matéria Prima