Últimas Notícias
Aldeildo Rocha Ferreira
Aldeildo Rocha Ferreira

Coluna – A fidelidade que incomoda

Aos dezoito anos já haviam me apelidado de “Rochinha”, meu nome era muito complicado para se lembrar, nessa época eu quase não namorava, era tímido demais, fazia teatro, era muito feliz, viajava muito,  aproveitava mais as noites com os meus amigos, sempre gostei de fazer amizades com pessoas mais velhas que eu, admirava quem falava bem o português ou mesmo pessoas inteligentes, interessantes. Quando criança ficava lendo livros sem entender nada, achava as palavras bonitas, dignas de serem ditas corretamente.

Foi exatamente em uma dessas viagens com o grupo teatral que ocorreu um fato interessante com um amigo, ele fazia oficina de teatro, perto d’agente as oficinas de artesanato aconteciam, ele ficava perto de uma grade de arame, de lá observava uma mulher, era a beleza em pessoa, seus olhos a observava atentamente, quase hipnotizado pela bela. No intervalo se aproximava tentando chamar a atenção, mas era inútil, ela tinha muita facilidade para se pronunciar quando a pediam para dar suas opiniões, se concentrava e ignorava tudo que acontecia ao seu redor.

As oficinas duravam cerca de dez dias, já estávamos no terceiro dia, quando uma garota veio em sua direção e disse: _ Qual o seu nome? Teve vergonha de dizer, _Todos me conhecem pelo meu apelido, respondeu,  ela então disse que uma moça da turma de artesanato queria conhecê-lo, ficou estático sem acreditar, só podia ser ela, a mulher de vermelho que  tanto olhava, devia ter percebido, disse à garota que no intervalo falava com a bela mulher, como se já a conhecia. No intervalo foi falar com ela, ele era um garoto, mas não foi bobo o bastante para perguntar se era ela que estava a fim dele, nenhuma mulher gostaria de ouvir isso. Falou com a linda moça por vinte minutos do intervalo, como amigo, pediu para se encontrarem á noite, para sua surpresa ela aceitou,  o mais surpreendente ainda é que a garota que havia lhe dito que havia alguém querendo  conhecê-lo lhe revelou que não era aquela a moça, e quando a mostrou preferiu ter se enganado, para piorar as duas eram amigas.

À noite sofreu olhando a moça tão bela lhe dando um fora, pedindo para serem apenas amigos, disse gostar de suas idéias, que ele falava bem, isto a atraía, ficaram horas conversando, ele seria capaz de ficar muito tempo olhando para ela, de repente percebeu que tinha chance, ela disse: você se importaria se ficássemos apenas uma noite?:_me importaria se não ficássemos nenhuma noite,respondeu, então, aconteceu,namoraram.

No outro dia tomaram café juntos, almoçaram, passearam pelo alojamento,  dialogaram muito, ele se sentia mais adulto ao seu lado, mas no outro dia o grupo de teatro recebeu um convite para se apresentarem em outra cidade, odiou, mas teve que ir, ficamos dois dias  fora, ao chegar não acreditou no que viu, a moça estava com um homem, forte, bonito, bem vestido, usava aparelho na boca, ficou perplexo, seus colegas não tentaram esconder sua decepção, disseram coisas deturpadoras sobre ele e sobre a moça, sorriam, esculachavam, batiam em sua cabeça, o casal estava de mãos dadas.

A moça o viu e chamou-o, então pensou, além de me trair agora vai terminar na frente de todo mundo, fingiu não ouvir, não adiantou, gritou seu nome, teve que se virar, aproximou-se e disse:

_ Meu amor, esse é meu irmão, queria que você o conhecesse.

Naquele momento percebeu que o rapaz se parecia muito com ela, se apresentaram, ela o deixou, deu um abraço em seu namorado, agora não mais de uma só noite e o beijou na frente dos seus colegas que novamente ficaram de queixos caídos. Amarrei-me nesse  momento. Com ela descobriu que na maioria das vezes as mulheres mais bonitas são as que menos são paqueradas em festas, algumas por escolherem demais, outras por que os homens acreditam nunca conseguir namorá-las.

Ele disse para mim que enxergou beleza naquela mulher, mas o que o conquistou foi o seu caráter, suas idéias, sua fidelidade, beleza veio de brinde, feio é o olho de quem vê.      

       

 POR ALDEILDO ROCHA FERREIRA. 

Aldeildo Rocha Ferreira
Aldeildo Rocha Ferreira