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Leandro Heringer

Coluna de Leandro Heringer – Inovar a educação: é preciso entrar no século XXI

O processo de evolução de uma nação passa pela educação. Essa é uma frase dita em períodos eleitorais e por analistas com certa frequência. A reformulação educacional brasileira demanda mudanças profundas de concepção, análise, visão e objetivos.

Educar com quais objetivos? É a primeira questão a se pensar. Promover a cidadania, aperfeiçoar a sociedade, relacionar com mercado de trabalho são respostas plausíveis e não excludentes. Continuamos em formato de cadeiras em filas indianas com compartilhamento de visão de mundo e conteúdo do professor com os alunos.  Não passou da hora de mudar?

Olhar os resultados históricos que colocam o Brasil em posições vexatórias no ranking internacional de educação deve levar à análise crítica do processo educacional. Não apenas das escolas públicas, mas do sistema como um todo. Cada vez mais, escolas que saem do padrão estabelecido – como instituições internacionais que estão no país- demonstram uma realidade diferenciada. Também nos valores cobrados, chegando a mais de 20 mil reais de mensalidade. Portanto, as escolas particulares tradicionais também estão defasadas.

A educação precisa de inovação de princípios, valores, métodos. Atualizar em relação ao contexto do século XXI. Na terceira década do século, houve a evolução tecnológica, forçada pela pandemia de Covid-19. Gameficação, salas de aula virtuais, utilização de ferramentas online, ambientes de estudo que favorecem metodologias ativas para estudantes.

Muito do que foi desenvolvido no período pandêmico foi desconstruído em nome de “controle de telas” e outros argumentos reacionários e comodistas. Aprender a usar as tecnologias inteligentes e ferramentas inovadoras de educação demanda interesse, compromisso e visão. Nem sempre essas competências são estimuladas pelas organizações e até mesmo pelos profissionais.

Sempre foi feito assim. É outra frase fácil de ser dita. Fazer as atividades da mesma forma e buscar resultados diferentes constitui atitude utópica ou até mesmo tola. A educação precisa da inovação. Inovação tecnológica, de métodos, processos e de visão da sua função social e econômica.

Recentemente, escola tradicional de Belo Horizonte passou por duas situações que explicitam os perigos de ignorar a realidade contemporânea. Um aluno, usando tecnologia inteligente, teria feito montagens de imagens de cunho sexual de colegas e as divulgado. Programas de edição de imagem não são novidade há muito tempo. Após essa ocorrência, o colégio determinou que celulares não seriam mais usados com finalidade pedagógica.

Não se apropriar das tecnologias. Não promover educação a respeito das inovações. Ignorar o potencial pedagógico. Essas são atitudes que mostram a resistência da educação com a inovação. Estudantes não deixarão de usar celulares. O tempo de tela não diminuirá porque o uso pedagógico está proibido.

Repensar-se. Fazer autoanálise. Rever processos, conceitos, finalidades e interesses. Ações necessárias para evolução educacional no país. Entrar no século XXI. Ainda que tardiamente. A diferença entre contemporâneo e arcaico é potencializada. Novos mercados e novas realidades são postas. Evoluir pela educação. Não mais um mantra. Uma necessidade.

Leandro Heringer