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Leandro Heringer

Coluna de Leandro Heringer – 2024: Rumo ao Big Brother?

No início do ano, as expectativas são muitas. Já as certezas nem tanto. Contudo, a exibição do reality show Big Brother está na agenda brasileira desde 2002. Reformulado, com audiências em diversas edições e baixas em outras tantas, o conceito do programa é o mesmo: observar, analisar e julgar participantes confinados na “casa mais vigiada do Brasil”.

Com as plataformas digitais e os espaços virtuais de comunicação e divulgação, o potencial de vigília, participação e julgamento é potencializado. A audiência passou a ser mensurada por outros padrões. O comportamento de participantes passou a ser produzido assim como as narrativas e os discursos de cada um.

O Big Brother extrapolou as paredes da casa, da emissora e atingiu outros patamares sociais, culturais e econômicos. Enfim, o programa inspirado no livro “1984” de George Orwell deixou de ser criatura e passou a ser potencializador da cutlura do “Grande Irmão”.

Em diversos contextos sociais, estamos sob vigilância. Sem concorrer a prêmios. A patrulha ideológica nas mídias sociais, a busca por conteúdos produzidos em diferentes momentos profissionais ou pessoais, as ações comerciais feitas, as compras realizadas estão em monitoramento constante.

É necessário refletir sobre a cultura do “BBB” também na política. Os censores travestidos de autoridades democráticas colocam-se no papel de “produtores do BBB da vida real”. Projetos de lei são feitos para cercear o direito à expressão, direito de imprensa, à liberdade religiosa sob o pretenso pretexto da “defesa da democracia”. Uma democracia já denominada “relativa”, ou seja, que abre mão da defesa ampla pela escolha de a quem servir.

Essa democracia relaciona-se, paradoxalmente, à ideia clássica. Na Grécia, a democracia não era plena. Mulheres não participavam, por exemplo. Em outros momentos históricos, o relativismo era sustentado na renda para o direito ao voto.

Começar o ano pensando em divertir-se, entreter, conquistar objetivos. Manter-se livre e em uma democracia. Assistindo a um programa de TV que seja um show de realidade e não o futuro- não distante- da realidade brasileira.

Leandro Heringer