Últimas Notícias
Adilson Cardoso
Adilson Cardoso

Coluna – Tremores e Dilúvios

Há vários dias não sentimos a terra tremer na ex-pacata cidade de Montes Claros. Penso que pode ter alguma ligação com o fato de que a Universidade local e a Universidade de Brasília intensificaram os estudos acerca dos abalos. Minha Vó nos contava em forma de histórias para dormir que as coisas de Deus vem sempre de surpresa, quando menos se espera é que acontece e acrescentava que não era culpa do criador não, era o pagamento dos pecados que tinha que ser feito naquela hora. Uma destas coisas que não consigo esquecer é a trama do “diluvio” onde Deus fez cair mais água na terra que os gols da Alemanha no goleiro Júlio Cesar, e o velho Noé fora o responsável por bárbaros folclores e outras cenas dantescas. Mas minha Vó não mentia, aliás, as Avós não mentem, o que elas contam são  coisas vindas das suas Avós, nesta perspectiva então é tudo verdade. Segunda minha Vó Deus um dia sentando numa nuvem branca e voando com leveza para observar os homens, vira que a terra não poderia continuar daquela maneira, era muito pecado e muitos pedidos de perdão, e muitos padres recebendo dinheiro para perdoar dizendo que fora o próprio que perdoara. “Acabou a farra” dissera ele chamando um velho barbudo e magrela  que vestia uma camisola amarrotada. “Noé”! gritara com voz que apenas o velho ouvira. “Quero que você construa uma arca gigantesca, com as dimensões que estão neste papel, e durante quinze dias viaje pelo mundo inteiro, vasculhe todos os cantos e traga um casal de cada ser vivo que existir, menos homens e mulheres que a sua família de cachaceiros já basta.” Noé não conseguira entender aquela insanidade, retrucando o criador. “Mas Senhor, para construir esta arca vamos ter que desmatar muitas arvores nobres, onde conseguirei autorização para este serviço? O IBAMA mandará prender-me! E quanto aos animais, a Policia Federal está de olho no trafico daqueles considerados em perigo de extinção! Desculpe meu Deus, mas é muito arriscado”. Segundo minha Vó que disse ter ouvido isto da sua Avó, Deus ficou tão furioso naquele momento que só não quebrou o cajado na cabeça de Noé por já ter mandado seu filho dar a face direita quando apanhasse na esquerda. Mas gritara aos ventos.” Noé seu filho da mãe! Você está sendo privilegiado, pois fora escolhido em sorteio, agradeça sua sorte seu babaca! Os nomes que estavam na sua frente eram; Maomé, Josué, José e Barnabé! Você ganhou nem sei por que, agora vem tirar onda? “Pois fique e vai morrer com toda sua família, afogados batendo a cabeça em pedras, postes, árvores, casas e estrumes que vão descer dos esgotos.” Assim Noé aceitou o desafio e construiu aquela Arca imensa, salvando um casal de todos estes bichos que hoje habitam a terra, agradecemos a ele pelas lindas Araras-Vermelhas, Araras-Azuis, pelas borboletas coloridas e pelos Colibris, pelos peixes, pelas Garças e pelos Elefantes que morrem distantes dos seus pares. Agora sobre os Pernilongos não tenho coragem de dizer já que esta crônica é livre para todos os públicos, também seria violento  em agradecimento aos Mosquitos da Dengue que por duas vezes me fizeram de trapo. Voltando ao assunto dos tremores de terra, tenho um conhecido que fala poesias na Praça da Matriz, que ultimamente anda com um alforje e travesseiro, um cobertor, colchonete e mais algumas coisas que julga essenciais na hora de uma fuga, sempre com sua garrafa de pinga amarela e um violão afinado diz que estamos a poucos dias do grande tremor, aquele que fará com que esta e muitas outras cidades em volta se transformem em cacos, no auge do delírio confessa que foi assim quando Jesus o chamara em particular em tempos distantes para dizer  que alguém entres eles o trairia.

Por Adilson Cardoso

Adilson Cardoso
Adilson Cardoso