Coluna – Detalhes de uma Investigação

Como dizem nas rodas de conversas populares, apenas por possuir um pinto e dois ovos não significa que o cara seja homem de verdade, se assim fosse muitas galinhas (sem trocadilhos) seriam até mais machos que muitos. Digo isto inspirado em um destes jornais sensacionalistas que assistimos nos finais da tarde, aliás, quem tiver um pouquinho de discernimento sairá do sedentarismo por culpa da televisão nestes horários, já que em dois dos canais é como citara a “pensadora Valesca Popozuda” É só tiro porrada e bombas. Naquele tradicionalmente assistido pelas noveleiras, tramas insipidas sem o menor atrativo e outros que se revezam entre ruins e muito piores, por ai vai. Não sei se estarei chafurdado no contrassenso por dizer que me inspirei na tela e nestes veículos que critiquei sem positividade, mas fazer o quê se dormimos e acordamos no mais puro desentendimento interior. Um senhor de uma cidade do sul de Minas usou do argumento do pinto e dos ovos para denunciar o próprio pai que havia aliciado a neta de apenas doze anos a fazer sexo com ele, detalhe, o denunciador é apenas tio da vitima, irmão da mãe da garota que simplesmente não acredita no crime. Usando aquele recurso da voz de pato e tela escurecida, ele declarou que por inúmeras vezes via o pai sair com a filha que é mãe solteira de duas crias e chegar a altas madrugadas, embriagados sem a menor preocupação com a filha dela, menor de idade que ficava em casa sozinha, já que a outra de dezessete anos é casada e mora em outro bairro, ainda no seu depoimento reforçou que a sua mãe já com sessenta e oito anos decidira sair de casa e amasiar-se com um primo na cidade de Pedro Leopoldo, por não suportar a vida que levava com o pai que é três anos mais jovem que ela. Na mesma matéria o homem indignado repetiria por varias vezes que “um pinto e dois ovos é fácil carregar, mas responsabilidade é para poucos, dirigindo literalmente ao seu genitor”. Todavia, quando o Conselheiro Dalcides de Fatima envia um relatório para a Vara da Infância e Adolescência com tudo que ouvira da menina, ao Juiz não restara outro afazer senão pedir um exame de corpo de delito nela e em seguida a prisão preventiva deste tio. Pois ele ao fazer tais denuncias contra o pai e tentar colocar a irmã como cumplice ou negligente, estava apenas tentando encobrir a violência que era praticada por ele mesmo, não apenas isto, mas o assassinato da sua própria mãe por ter descoberto seu “emaranhando satânico”, com ela acabou também entrando de gaiato e morrendo sem nada dever o primo Eufrates Domenico Rivera de setenta e um anos. Mas para quem pensou que acabasse assim este Teatro macabro, ainda precisa ouvir mais. Ao ter certeza de que a menina fora mesmo violentada, porém não pelo acusado e sim pelo acusador, investigações posteriores mostraram que a garota faz parte de uma gang de traficantes e homicidas que vem agindo na cidade há pelo menos um ano e meio. E o avô que era acusado de estupra-la vive carnalmente com a filha, a mãe dela. E aponta ainda erros na primeira investigação sobre o foragido que dera a primeira entrevista. ELE É INOCENTE. Quem matou a velha e o primo dela foi o velho amásio da própria filha com a ajuda da filha-neta que ele violentou, o que houve segundo o delegado das ultimas investigações é que o velho amante da filha, pai da neta e assassino da esposa e do primo, fora Sargento da policia militar  expulso após envolvimentos com traficantes, porém ainda exercendo grande influência em parte podre da corporação, assim conseguira laudo falso de um legista “plantado” no IML para apontar que o estuprador era  o filho. Infelizmente foi também revelado nos últimos dias que aquele homem que trouxera para a luz da sociedade toda esta sujeira em baixo do tapete de uma família aparentemente normal, não havia fugido, não estaria  foragido. Com o nome revelado de  Antônio Eustáquio Rivera,  quarenta e quatro anos, estava  morto, assassinado pelo pai e pela sobrinha.  Seu corpo fora  encontrado boiando em um córrego poluído próximo ao lixão do Sabugo.

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Adilson Cardoso