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Oceania – Brasileira relata momentos de apreensão com sequestro em Sydney

Tiroteio e explosões na madrugada desta terça-feira (16) marcaram a retomada do Café Lindt, no centro financeiro de Sydney. Duas reféns e o criminoso identificado como Man Haron Monis estão mortos. Ainda não está claro se os reféns – Tori Johnson (34), gerente do café, e Katrina Dawson (38) – foram vítimas de Monis ou morreram durante o fogo cruzado com a polícia, às 2h da manhã desta terça.

Ainda não está claro se os reféns foram vítimas de Monis ou morreram durante o fogo cruzado
Ainda não está claro se os reféns foram vítimas de Monis ou morreram durante o fogo cruzado

O criminoso de origem iraniana invadiu o café às 9h44 da segunda (15), mantendo 17 pessoas reféns – incluindo a brasileira Marcia Mikhael (42) – por 16 horas. Cercado pela polícia e fora do alcance das lentes de fotógrafos ou televisão, Monis fez com que seus reféns contactassem estúdios de rádio, TV e postassem suas exigências através de vídeos e textos em redes sociais.

Trabalhando em parceria com as empresas de comunicação locais, além do Facebook e Twitter, a polícia australiana conseguiu deter a disseminação viral das mensagens de Monis durante a ação de resgate. Monis se identificou aos reféns como membro do Estado Islâmico (ISIS) e disse ter duas outras bombas com ‘irmãos’ espalhados por Sydney.

As investigações da polícia descartaram as ameaças do sequestrador, taxando-o como um lobo solitário, sem ligação nenhuma com o ISIS. Suas intenções com o sequestro ainda não foram esclarecidas ao publico. As investigações e vigilância da polícia vão continuar para garantir a segurança de todos nos festejos de fim de ano.

CLIMA – Como residente de Sydney, acompanhei o desenrolar dessa trama com apreensão e confiança na ação da polícia australiana. Fiquei impressionada como os veículos de comunicação colaboraram com a polícia, retendo informações que receberam diretamente das vítimas.

O preparo para lidar com ações terroristas (apesar deste não ter sido um deles) ficou claro em cada ação: o isolamento da área, a evacuação do público e da imprensa, a alteração de rotas de trens, ônibus, helicópteros, aviões… O fluxo de informações verificadas foi constante, tranquilizando a população. Não houve espaço para rumores ou para troca de informações entre o sequestrador e seus supostos ‘irmãos’ em redes sociais – altamente monitoradas pela polícia.

Crimes como este visam dividir a população através da disseminação do pânico e ódio. Me encantou ver a hashtag #IllRideWithYou (“eu vou com você” no trem, ônibus, etc) crescer como resposta dos moradores de Sydney a previstas agressões racistas a muçulmanos depois da tomada do café Lindt pelo iraniano. Me encantou ver essa hashtag saindo do mundo online e circulando nas bolsas de amigos que andam de ônibus e trem hoje, oferecendo ajuda e suporte a quem precisar. Me encantou ver o culto ecumênico reunindo judeus, muçulmanos e cristãos como símbolo de unidade e paz.

Ações terroristas e crimes de motivações políticas são notórios por espalharem o medo. Eu lamento muito a morte dos dois reféns – uma dos quais era mãe de três crianças. Mas apesar da tristeza, o sentimento que me toma é de fé e esperança num mundo unido e num futuro de paz. Que o exemplo de Sydney, e não o medo, se espalhe mundo a fora!