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Adilson Cardoso
Adilson Cardoso

Coluna – Planos desvairados

Então naquela longa e escaldante estrada Jesus andava disfarçado  de hippie, cabelos longos e barbas sujas sobre uma bata indiana e uma calça xadrez, uma enorme mochila sobre as costas e a falta de disposição que lhe obrigava parar a cada meio quilometro. Depois de resmungar blasflêmias por um dia inteiro, caia a tarde e ele chegava a um pequeno povoado, na placa verde se lia ”BEM VINDOS AO DISTRITO DE MANOEL”. – Mas Manoel, será que Pedro errou no meu mapa? Pensou Jesus se adentrando sarrabieiro, olhava tudo e não via ninguém, casas com pinturas antigas, modelos coloniais e nenhuma alma viva, enquanto isto a noite caia e a geografia do lugar indicava temperatura baixa, Jesus blasfemou mais algumas palavras, olhou sisudo para cima e fechou os punhos rigidos, mas numa viela que surgiu de repente, luzes se projetavam de dentro para fora e vozes se ouvia de onde estava. O filho do criador apertou os passos, andou arrastado pelo estomago que pedia alimento, mas coisa de sustância nada daquelas frescuras que se come no céu, queria um torresmo mexido no ovo com feijão e farinha, um arroz colorido e um macarrão passado no alho e óleo, imaginava também uma caneca de vinho e depois até um monte de feno lhe serviria  de dormida. Chegou de uma vez, quando percebeu já estava no interior do estabelecimento, onde um senhor bigodudo cochilava atrás de um balcão frio, prateleiras empoeiradas e duas senhoras numa pequena mesa jogando cartas. Antes que Jesus se apresentasse aquelas figuras solitárias se aproximaram, tocando suas vestes e seu corpo, sua mochila e querendo arrancar seu chinelo para lavar-lhe os pés. Pensou o parente do Divino Espirito Santo como poderiam tê-lo descoberto se estava tão disfarçado, era só a galera do céu que sabia da sua vinda, mas deixou que a coisa fluisse. – Foi Deus quem te enviou não foi? Perguntou o bigodudo. Jesus olhou em volta, passou a mão na testa para sentir se tinha a coroa de espinhos, sentiu a superficie das mãos, não havia marcas dos pregos. Balançou a cabeça em sinal de positivo, como fora enviado por Deus. – Ah você é o nosso salvador! Exclamou uma das senhoras virando a taça de vinho e afrouxando o decote da blusa. Jesus confirmou novamente de que se tratava dele, mas pediu um minutinho  e foi até a varanda  ver o céu, olhando para cima furioso falou baixinho; – Porra, então é assim o segredo é? O senhor está querendo que eu vou parar  na cruz novamente é?! Caramba afastas de mim este calice antes que dê merda! Subir hoje de corpo e alma é muito perigoso, a Nasa tem misseis  para abater corpos estranhos que vagam pela atmosfera! Sabe Pai, o senhor que me perdoe, mas eu acho que fui nascido de inseminação artificial ou sou um bastardo! Não tem outra explicação, DROGA!! Nenhum sinal foi notado nos céus nem nas vozes interiores, o que deixou o Jesus Cristo ainda mais furioso, nada lhe tirava da cabeça que Judas estivera agindo novamente. Respirou fundo e retornou, as mulheres já estavam alteradas, um grande garrafão de vinho estava sobre a mesa, e o bigodudo tocava gaita. O ex-homem da cruz começou com uma pequena caneca e logo virava no gargalo, antes da meia noite estava bêbado feito Dema no bar de César, dançava sob o som da gaita e beijava as mulheres, quando a ação do alcool estava no ponto de contar segredos ele chamou uma delas e foi lá fora, esta já com segundas intenções foi arrancando a roupa e quando chegaram ao ponto de falar com o céu estava totalmente nua, Jesus vendo aquilo pensou que haveria tentações conforme fora avisado, mas queria se livrar da raiva blasfemando novamente. Enquanto xingava apontava o dedo para o firmamento a senhora de seios fartos pulava e se mexia numa exótica dança do ventre. já em adiantado estado de embriaguez ele disse pedindo sigilo que era  Jesus, a mulher louca gritando, “É  o sinal eu sou Madalena, me possua, me possua porra!

Por Adilson Cardoso

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