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Adilson Cardoso
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Coluna de Adilson Cardoso – A Outra Dimensão

Havia um tunel embaixo do sexto leito do lado esquerdo do quarto. Por aqueles dias muitos estranharam a falta de movimentos do paciente se resumindo a ficar deitado, seu olhar era fixo no teto com raros episódios de mudança de direção da cabeça. São poucos e vagos relatos para o inicio de investigação da policia, já que técnicos de enfermagem que atuavam naquela área se encontram em intenso estado de choque, sem conseguirem ao menos ouvir falar daquele paciente, o medico e o psicólogo que faziam parte da equipe por medo também não dizem nada. Para quem estava internado no mesmo quarto a sorte de sair com vida não lhes foi ofertada, alguns ficaram mutilados a ponto de não serem reconhecidos pelos próprios familiares. “Agora é esclarecer o misterioso caso que assombra todo o Brasil” Comentou um jornal dos Estados Unidos insinuando existir uma ligação entre o real e paranormal, trazendo como titulo da matéria, O túnel para outra dimensão, onde o Psicólogo PhD da Univesity of Harvard Jermany Channel analisa o caso e compara com outros ocorridos e abafados ao longo da história americana. Se de um lado a equipe que acompanhava o paciente ainda não tem estruturas psicológicas para fornecer os dados relevantes para o caso, Com base na anamnese e relatos contidos nas evoluções de enfermagem conseguimos descrever um pouco do paciente em sucintos detalhes que segundo o chefe das investigações será um importante fio de condução para tentar desvendar o mistério. O paciente que tem seu nome preservado era chamado de Servo, nome que adotara e gostava de ser tratado assim, mesmo sabendo o significado da palavra. Aparece em todas as evoluções, tanto diurna quanto noturna a sua preocupação com o dia da chamada, onde ele deveria preparar a recepção do grande “Pai”. Mas o que chama mais atenção é o intrigante relato escrito à caneta vermelha no dia dez de outubro do ano passado, o horário no prontuário indica que era vinte e três horas e quarenta minutos, a justificativa do profissional para evoluir um paciente naquele horário é que não conseguiram encontrá-lo antes em canto algum do hospital. Inicia-se descrevendo um paciente bem orientado em tempo e espaço, porém se mostrando inquieto olhando em varias direções durante a conversa. Sem alterações nos dados vitais, ou qualquer outra anormalidade aparente até que surge um dado curioso, ele queria falar além daquilo que se via, disse que não estava satisfeito com o corpo em que habitava, sentia às vezes vontade de se matar, mas se lembrava de que no dia do grande “pai” sua felicidade voltaria. Contou que em outra vida havia sido roqueiro, tinha uma banda famosa e que no auge da carreira morrera de overdose, a morte acontecera no camarim enquanto uma imensa plateia esperava por ele, vestindo camisas pretas com sua foto e cantando suas musicas. Para ele, segundo as anotações, aquela sua vida não poderia ter sido interrompida daquela maneira, já que ele ainda tinha muitos planos bons, que ao morrer tudo se acabou e seu espírito não fora aceito no céu, ele andou por dentro de uma manilha que era alumiada com luzes de led, uma cor branca e torturante sem sabor de olhar, estava em uma fila de pessoas cabisbaixas, marchavam como soldados em desfiles numa mesma pegada, mas ninguém se falava. Até que chegou o fim daquele imenso caminhar, o dia estava claro e o sol brilhava em todas as direções, havia um rio que a água fazia um barulho relaxante feito o solo de uma flauta doce, tinha também dois caminhos literalmente desviando do rio, um para a esquerda, outro para a direita. Não percebera, mas tinha um senhor de barbas longas e roupa azul claro tão limpo que doía as vistas, ele separava pessoas para um e outro lado, suas mãos pareciam placas indicativas de transito mostrando para La e para lá. Ele foi então mandado para o lado direito junto de outras pessoas que pisavam ansiosas atrás, à medida que andava as coisas iam secando, ás águas límpidas do rio tornavam-se barrentas e mau-cheirosas, até que não tinha uma gota sequer, não se via mais flores nem o verde das ervas daninhas, até que chegaram à entrada de uma caverna… O relato do técnico termina assim, o restante foi eliminado com um corretivo espesso, a grande mancha branca denota o que digo. Nas noites seguintes não há assinaturas do mesmo funcionário, infelizmente por sabermos que fora encontrado enforcado em uma mangueira no quintal da sua casa.

Por Adilson Cardoso

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