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Adilson Cardoso
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Coluna do Adilson Cardoso – Um ser criança

Coluna do Adilson Cardoso – Um ser criança

Não há mais água para lacrimejar os olhos, não há mais espaço para abrigar outra tristeza, estamos de fato em overdose de lamentos.  Em setembro de 2015, um garoto Sírio de três anos aparecia ao mundo boiando em uma praia da Turquia, fugindo das perseguições e da guerra em seu país, junto com a família tentava entrar no Canadá, mesmo sabendo que o pedido de asilo havia sido negado. Valia qualquer tentativa para viver alguns minutos a mais. Seu corpo fora  exposto nas redes sociais e quem não sabia sequer para que lado ficasse a Síria passou a ter ciência dos horrores orquestrados ali. Lideres de nações figuradas entre as mais ricas do mundo se pronunciaram, com as costumeiras formalidades hipócritas teatralmente apareciam atônitos prometendo fazer com que os próximos capítulos daquela novela sangrenta tivessem um torniquete para conter a hemorragia. Mas outros miseráveis sem a mesma “sorte” se perderam em mar aberto, engolidos por ventanias e maremotos, infelizes em suas desgraças peculiares não foram focados por paparazzi ou drones do exercito da salvação. Fabricam-se crianças como se fazem doces para festas de aniversário, assim como as guloseimas parte delas vão para as latas de lixo, para as portas de desconhecidos em caixas de papelão embrulhadas em seus restos de placenta como prova da originalidade do choro. Alguns destes consideram-se bicampeões, já que no ringue dos espermatozoides sagrara-se vencedor, a vida segue, bom que não seja negro ou pobre, caso contrário para cada dia que nascer respirando há de se  levantar uma nova medalha, campeão outra vez, ontem já era. Mas alguns perigos brotam dentro de casa, quem disse que são Comunistas que comem criancinhas? Jornais estão dizendo que um pai em nome da proteção da pureza da filha, estuprou-a, em nome de Jesus. Em suas “protetivas” argumentações, dissera que como pai tinha o dever de ensinar o que é bom e o que é ruim, aquilo que fizeram é a parte ruim da vida, se for praticado antes da palavra de Deus fazer a união dela com o marido. Algumas mães fingem que dormem quando o padrasto se levanta sorrateiro para desembrulhar o corpo da enteada que “sentia calor”. Garotos de nove anos de idade que só passaram na porta da escola para oferecer drogas, sustentam armas com violência  e levam para casa o dinheiro que pai e mãe exigem para alimentarem seus vícios. Há crianças que não querem ser chamadas de crianças, crianças são aquelas que brincam que passeiam com os pais no parque e ganham presentes, estas crianças as quais me refiro, tem mãos calejadas, pés descalços e sonhos que julgam impossíveis de se realizarem, elas por não se considerarem crianças, só  vão saber um dia, quando  ninarem  o filho para dormir. E durmam anjos, durmam e sonhem com a chuva caindo, apagando aquele fogo sem juízo que cortou o lanche, queimou o desenho da casinha e a Ciranda de Roda. Sonhem com o outro lado  do homem, aquele lado puro que será sempre criança.

 

Adilson Cardoso
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