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Alberto Sena
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Coluna – O sino da igreja voltou a badalar

E o sino eletrônico da Matriz de Santo Antônio voltou a soar pelas fraldas do Maciço do Espinhaço, em Grão Mogol. Acostumados com as pancadas eletrônicas que começam às 6h da manhã, de hora em hora, até às 7h da noite, muitos dos grãomogolenses perderam a hora no primeiro dia em que o relógio não acionou e deu o que falar. Ou a perguntar: “O que aconteceu com o relógio da Matriz?”

Não aconteceu nada de grave. O relógio está passando bem, obrigado. Apenas teve um pequeno defeito, “uma virose”, como diriam os médicos. Os técnicos são funcionários da Prefeitura Municipal de Grão Mogol. Eles são os responsáveis pela manutenção da engrenagem e estavam em viagem a Montes Claros quando o emudecimento do relógio aconteceu. Com efeito, o defeito só foi consertado na manhã de hoje, sexta-feira, 6 de junho, poucos dias antes das comemorações de Santo Antônio, o Padroeiro.

Quem forneceu as informações foi o pároco, Aílton Lopes. O celular já estava na mão para contatar o padre, aliás, o número dele foi digitado e o aparelho chamou, mas ele não atendeu. Nesse meio tempo, o relógio badalou dez vezes, sinal de que voltou a funcionar a contento. E logo o padre Aílton retornou a ligação e deu as explicações inseridas acima.

Houve quem sentisse a falta das badalações do relógio. Quem vive acostumado com um relógio grudado no pulso todo momento espia as horas. Quem não usa relógio, não fosse o da Matriz para lembrar ter passado uma hora a cada vez que o som eletrônico ecoa pelos quadrantes da cidade, costuma se orientar pelo sol. Sou um deles. Nunca usei relógio e não chego atrasado.

O fato de alguém andar com relógio no pulso não significa que seja pontual. A falta de pontualidade, hoje em dia, se incorporou ao detestável “jeitinho brasileiro”. Nada começa na hora certa. A impontualidade é no mínimo uma falta de respeito. Pra não dizer uma “desonestidade”, pois se está roubando, furtando ou assaltando e levando o tempo de alguém. E tempo, sabemos bem, às vezes custa dinheiro e não tem retorno. Passou, passou…

Particularmente, nunca chego na hora de um evento; chego antes. A impontualidade é vista lá fora, na Europa e na Ásia com maus olhos. Se um cidadão marcar encontro às 9h e o outro chegar às 9h01, o primeiro já se foi e fica a má impressão cravada na cara de tacho.

É talvez para exercitar a pontualidade que em países como Espanha e Portugal igrejas batem o sino de hora em hora para lembrar as pessoas dos seus compromissos. Em Santiago de Compostela, na Espanha, a Catedral onde dizem estarem os restos mortais do apóstolo Tiago, o sino eletrônico badala o dia e a noite toda. Quem não está costumado com isso acorda de hora em hora.

O sino da Matriz de Santo Antônio foi introduzido há cerca de três anos pelo pároco Geraldo Magela. Há quem reclame das badaladas, mas ao que parece, a maioria das pessoas gosta. Muitos ouvem, mas não escutam as badaladas de tanto que já se acostumaram. O certo é que o relógio da igreja tornou-se um costume e quando por algum motivo deixa de badalar, há quem estranhe. E deixa escapar exclamações do tipo: “Ué, oquiaconteceucum relógio?”

Sílvia Batista que estranhou o emudecimento do relógio no primeiro dia, fazia caminhada com Wilma Nunes, hoje de manhã e disse ter exclamado à amiga um “oh, o relógio voltou a bater”. Eram 10h da manhã. E o relógio badalou de novo às 11h, tudo indicando que o reparo valera. Daqui pra frente esperamos que o relógio volte a espancar as horas por muito tempo até o próximo defeito ou parada para manutenção.

Por Alberto Sena

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