Começou na manhã desta quinta-feira (18), no Fórum de Montes Claros (MG), o julgamento de Laércio Soares de Melo, conhecido como cabo Melo, acusado de matar Francisco dos Santos Filho, o despachante Chiquinho. O acusado chegou ao Fórum Gonçalves Chaves por volta de 08h45, acompanhado do advogado de defesa, e não quis falar com a imprensa.
O julgamento ocorre após 4 anos e 9 meses desde que o despachante Chiquinho desapareceu em Montes Claros. O inquérito concluiu que ele foi assassinado pelo policial, que está preso desde março de 2012, em Belo Horizonte.
O advogado de defesa, Ernesto Queiroz de Freitas, afirma que as acusaões não procedem. “Nem falamos em inocência, a acusação é que não é verdadeira, porque as provas dos autos dizem claramente que houve um desaparecimento voluntário por parte do senhor Francisco”, disse.
Relembre o caso:
O militar Laércio Soares de Melo, o Cabo Melo, foi indiciado pela Polícia Civil por estelionato, falsidade ideológica e apropriação Indevida de bens de Chiquinho Despachante. Conforme noticiado no dia 22 de março de 2011, a família de Francisco Santos Filho, o Chiquinho Despachante, denunciou à Polícia Civil e esta buscou esclarecimentos a respeito da venda de uma casa de Chiquinho, situada na Rua Oito, no Bairro Canelas II, feita pelo militar a duas servidoras da Prefeitura de Montes Claros, em outubro de 2010. A casa já pertencia ao despachante desde setembro de 2009, quando comprou e pagou ao próprio cabo Melo, mas este não lhe deu a posse, pois “desapareceu” quatro dias antes da data marcada, contratualmente, para recebimento da posse da casa, onde o militar mantinha um irmão morando de favor na casa.
Os familiares somente tomaram conhecimento do negócio quando as supostas compradoras tentaram fazer a escritura e descobriram que a casa não pertencia mais ao militar. Durante o inquérito, descobriu-se que as compradoras também não pagaram o preço da casa e foi descoberto um emaranhado de negócios confusos feitos pelo militar, com fortes evidências da prática de estelionato e falsidade ideológica. Ainda durante as investigações, apurou-se que o militar também se apropriou de um veículo Pajero 1999/2000, placa KLE-8298, que pertencia ao despachante. A família denunciou o caso porque achou intrigante a segurança que o militar teve para vender um imóvel do despachante, sem se preocupar com o que seria feito se ele voltasse.
A apuração serviu para reforçar a suspeita de envolvimento do militar no desaparecimento de Chiquinho e, segundo informações não confirmadas, o caso já deixou de ser tratado como “desaparecimento” para ser tratado como homicídio e ocultação de cadáver.