Montes Claros – Sindicato dos professores da Unimontes e acusa a reitoria de perseguição e retaliação
A greve dos professores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) avança sem previsão de término. A paralisação, que teve início no dia 2 de maio de 2016, esbarra no impasse entre professores e o Governo do Estado, em três questões consideradas preponderantes para o retorno aos trabalhos.
A primeira trata da incorporação de gratificações salariais no vencimento básico dos professores. A segunda especifica sobre um decreto de promoção de um grupo de profissionais que ficaram prejudicados com o concurso público, e a terceira trata da reestruturação da carreira dos professores prejudicados pela Lei 100.
Nesta segunda feira (18/07/2016), a Adunimontes, associação dos docentes da universidade, emitiu nota de repúdio ao comunicado da reitoria da Unimontes, no dia 15 de julho.
Ao contrário do que sustenta o comunicado, na reunião do dia 15/07 não houve discussão ou negociação com o comando de greve, mas tão somente um comunicado das decisões arbitrárias e inconsequentes tomadas exclusivamente pela reitoria – declara a Adunimontes.
A nota diz ainda que “a posição unilateral e tardia da administração superior em relação às designações configura uma clara quebra de acordo, uma vez que desde o início das negociações acordou-se que, independentemente da greve, os contratos seriam publicados com vigência a partir de agosto”.
A Associação afirma que “ainda que a reitoria (da Unimontes) usou desse acordo para motivar os departamentos a distribuírem encargos mesmo em período de greve, sob o pretexto de que os contratos precisavam ser publicados em tempo hábil. Findadas as distribuições, a administração superior expôs o seu golpe, ameaçando e usando de maneira desleal o elo funcional mais frágil da universidade, os designados e que essa atitude visa dividir e enfraquecer a categoria, como historicamente temos observado na Unimontes, posto que a unificação pode ameaçar e inverter polos de poder”.
Segundo a Adunimontes, houve quebra de acordo também em relação à autonomia dos departamentos, uma vez que a reitoria tem buscado mecanismos de controle mesmo após a revogação do Comitê Gestor.
A Adunimontes ainda afirmou que “nas mesas de negociação, ficou evidente que havia divergências entre o Reitor João Canela e o Pró-Reitor de Planejamento, Gestão e Finanças, Roney Versiany, em relação à condução das questões concernentes à greve. Contudo, a palavra do Reitor, que deveria ser a final, sempre foi de respeito ao direito de greve para todos, com a publicação dos contratos no início de agosto, o que ele não sustentou”.
Diante disso, o comando de greve questionou:
Quem fala e quanto vale a palavra da gestão da Unimontes? – Além de afirmar que “a administração superior mente deliberadamente quando diz respeitar o movimento grevista. Ela persegue, desrespeita, retalia e pune professores com vínculo precário, quebrando acordos de maneira desleal e tratando tais professores (1/3 do corpo docente) como peças dispensáveis”.
Para complementar a nota de repúdio, a Adunimontes diz que “a não concessão de autonomia aos departamentos, o autoritarismo e a falta de liderança e credibilidade junto ao corpo docente têm demonstrado que falta à reitoria não apenas legitimidade para tomar as decisões que toma, mas principalmente trato e competência frente à resolução de conflitos”.
Para finalizar, o Adunimontes afirma que “a reitoria esconde-se atrás de um discurso legalista para eximir-se da responsabilidade de resolver a contenda de maneira justa e conciliatória, preferindo retirar os salários dos professores e suas famílias”, e diz que “a greve continua até cessar a omissão do governo Fernando Pimentel e o autoritarismo dos professores João Canela e Antônio Avilmar e de suas equipes” finaliza.
NOTA DA UNIMONTES
Sobre o comunicado da Adunimontes, a Universidade Estadual de Montes Claros rebateu afirmando que, conforme o comunicado que já havia sido divulgado pela Reitoria da Unimontes, no dia 15 de julho “os professores designados para o primeiro semestre de 2016, independentemente de adesão à greve, terão os contratos finalizados em 31 de julho de 2016 conforme vigência estabelecida na designação. A data de início dos novos contratos coincidirá, necessariamente, com a data do calendário de reposições a ser apresentado/aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx)”.
Sobre o retorno as atividades, a universidade informou, em nota, que as turmas que não paralisaram as atividades encerrarão o primeiro semestre escolar em 22 de julho de 2016 e iniciarão o próximo semestre letivo em 3 de agosto de 2016.
No exercício da função pública e suas responsabilidades, a Gestão da Universidade Estadual de Montes Claros reitera a inexistência de qualquer tipo de ameaça ou ações arbitrárias. Todas as questões relacionadas às designações, assim como relacionadas às reivindicações durante o período de greve, são dialogadas de forma democrática com as representações docentes – finaliza a nota da Unimontes.