Lei seca completa dez anos
Há exatos dez anos, a Lei Seca entrava em vigor. De lá pra cá, muitos motoristas passaram a não misturar álcool e direção, e a mudança de comportamento se refletiu no número de acidentes no trânsito. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2008, quando a lei foi implementada, o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da pasta registrou 3.834 óbitos decorrentes de embriaguez ao volante. Em 2017, dados preliminares já apontam uma redução de 11%, com 3.409 casos registrados.

Nos últimos dois anos, em Minas, o índice de acidentes de trânsito ocasionados por embriaguez ao volante caiu de 6.031 para 5.612 – redução de 6,9%, segundo o Detran. “Em países onde a lei seca foi implantada, essa queda girou em torno de 30%”, explica o especialista em planejamento e impacto do transporte urbano Dimas Gazolla. Ele pondera que essa verificação precisa ser feita em um período maior de tempo, e que questões como número de feriados e recessão econômica interferem nessas variações.
Para o titular da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito do Detran, Roberto Alves Barbosa Júnior, a redução é uma resposta às modificações da Lei Seca. “São dois fatores: o endurecimento das leis e as fiscalizações. As blitze da Lei Seca são realizadas cada vez com mais frequência em Minas. E o condutor tem noção de que, se cometer um homicídio culposo ou uma lesão corporal culposa embriagado, o crime é inafiançável”, avalia o delegado. Júnior lembrou que a multa para quem dirige embriagado era de R$ 1.915 e passou para R$ 2.934,70 em 2016.
O delegado do Detran ressalta que o surgimento de aplicativos de transporte concorre para mudar o hábito dos motoristas: “O cidadão pensa que as despesas com multa são tão altas que é mais fácil pagar por um transporte particular e não correr esse risco”.
Mesmo com as alterações, alguns condutores não pretendem mudar de postura. “Parar de beber e pagar transporte alternativo é um absurdo. Eu, sinceramente, não bebo para ficar louco, só socialmente”, afirmou um universitário de 33 anos. O estudante, que pediu anonimato, está sem a carteira desde abril porque foi pego em uma blitze da Lei Seca.
No Norte de Minas, violação à Lei Seca cresce
Há dez anos, com a implantação da Lei Seca, a mistura bebida alcoólica e volante tem sido foco de fiscalização cada vez mais intensa. Mas nem todos os motoristas ainda se conscientizaram do perigo que essa combinação pode provocar. No Norte do Estado, 304 condutores foram presos desrespeitando a legislação em 2016, número que subiu para 352 em 2017, alta de 15,78%.
Os flagrantes de motoristas embriagados ainda persistem, mesmo com todos os endurecimentos pelas quais a Lei Seca já passou nesses dez anos de validade.